17 de abril – Santo Papa Aniceto I (falecido em 168)
12º Papa e Papado Mártir de 157 a 168. Aniceto se opôs ativamente ao Gnosticismo e ao Marcionismo. (Algumas fontes registram Santo Aniceto como o 11º e outras como o 12º Papa?). Ele recebeu São Policarpo de Esmirna em Roma para discutir a controvérsia da Páscoa.
O Martirológio Romano afirma para hoje: “Em Roma, Santo Aniceto, Papa e Mártir, que obteve a palma do martírio na perseguição de Marco.”
Santo Aniceto, o décimo segundo Papa depois de São Pedro, viu a luz do dia pela primeira vez na Síria, no final do primeiro século. Foi cuidadosamente educado por seus pais e dotado por Deus de grandes habilidades naturais, especialmente com uma mente clara e penetrante. Graças à sua perseverança incansável, progrediu tanto em todas as ciências que foi contado entre os melhores estudiosos de seu tempo. Além disso, levou uma vida tão irrepreensível que se tornou um modelo de perfeição cristã para todos.
A mais brilhante de todas as suas virtudes era o seu zelo verdadeiramente apostólico na proteção e disseminação da verdadeira fé. Assim, quando Pio I terminou a sua vida com um glorioso martírio, Aniceto foi eleito por unanimidade como seu sucessor em meio a grande júbilo. E, de fato, a Igreja precisava, naquele período, de um Papa tão erudito, zeloso e santo quanto ele, visto que era atacada e perseguida de todas as maneiras possíveis por diversos hereges.
Valentino e Marcião, dois heresiarcas, já haviam começado a semear o veneno de sua corrupção em Roma, e até mesmo uma mulher perversa chamada Marcelina, que adotara os ensinamentos de Carpócrates, já tinha muitos seguidores. O fato mais triste de todos, porém, era que os próprios católicos se tornaram muito indolentes na prática de sua fé, e sua conduta não era a que sua religião exigia. Isso inspirou os hereges com a esperança de conseguir incutir suas doutrinas espúrias em suas mentes, pois sabemos por experiência que o caminho mais seguro para a apostasia da verdadeira fé é a indiferença e a moral degradada. ( Nota minha – tudo isso soa muito familiar! )
Santo Aniceto, embora percebesse tudo isso com grande dor, não desanimou. Invocando a Deus por auxílio, começou a trabalhar arduamente. Por meio de sermões diários, ensinamentos e exortações, esforçou-se para induzir os católicos a um maior fervor na religião, bem como a uma reforma de vida. O exemplo de sua própria vida santa dava a maior força às suas palavras. Vivia como um santo e todos os seus pensamentos eram direcionados para conduzir seu rebanho à salvação. Era inimigo até mesmo das diversões mais inocentes e encontrava seu único prazer na oração e em trabalhar pela honra de Deus e pela salvação das almas. Empregava a maior parte da noite em exercícios devocionais e, durante o dia, só era encontrado na Igreja, nas casas dos doentes ou dos pobres, ou em casa, ocupado em estudo ou oração. Castigava seu corpo com jejuns e outras penitências. Com seus inimigos, era gentil e caridoso; com os pobres, liberal; em perigo e perseguição, era destemido e forte.
Este belo exemplo de seu Pastor foi logo seguido pelos católicos residentes em Roma com tanto zelo que, segundo o testemunho do historiador Hegésipo, toda a Cidade se tornou uma morada de santidade. Essa mudança na moral do povo foi o meio mais eficaz de preservá-lo na verdadeira fé, pois a melhor salvaguarda da fé é uma vida piedosa e irrepreensível. Quanto aos hereges, que se esforçavam para implantar nos corações dos romanos as sementes de suas falsas doutrinas, o Santo Padre teve a maior compaixão por eles, por causa de suas almas perdidas. Ele não deixou nada por tentar para levá-los ao conhecimento de seu erro, mas achou prudente banir da Cidade aqueles que permaneceram inflexíveis. São Policarpo, discípulo de São João, veio a Roma na época de Aniceto para discutir com ele vários pontos que deveriam ser resolvidos para o bem-estar dos fiéis. Tudo foi felizmente concluído e Policarpo prestou as maiores honras ao santo Papa, elogiando em todos os lugares sua santa conduta.
Durante oito anos Aniceto governou a Igreja com maravilhosa sabedoria e poder, quando durante a perseguição de Marco Aurélio ele foi capturado e, sendo inflexível na confissão de sua fé, foi decapitado.
Durante seu tempo como Papa, Santo Aniceto teve que combater, em particular, os perigosos erros do gnosticismo, antigo inimigo de Cristo, já desenfreado nos dias em que São João Apóstolo escreveu suas cartas às Igrejas da Ásia. Santo Aniceto foi visitado em Roma por São Policarpo, Bispo de Esmirna, que desejou consultá-lo e, a quem ele, por sua vez, pediu para celebrar a festa da Páscoa na Igreja de Roma, como relata Santo Irineu, discípulo de Policarpo. Eles não conseguiram encontrar uma solução para a questão da diferença na data da Páscoa no Oriente e no Ocidente, que o Papa São Vítor mais tarde resolveria, mas permaneceram amigos íntimos. A vigilância de Santo Aniceto protegeu seu rebanho das artimanhas dos falsos pregadores Valentim e Marcião, que tentavam corromper a fé na capital do império. – Por Padre Francis Xavier Weninger, 1876.
O Liber Pontificalis afirma que Santo Aniceto foi sepultado no cemitério de Calisto.