Motivos pelos quais devemos
socorrer as almas do Purgatório
1º - O serviço que prestamos a Deus e a glória que lhe proporcionamos
Imaginemos o que experimentaria o coração de uma mãe que, tendo conhecimento de que seu filho foi condenado à prisão por muitos anos, o visse de repente, trazido por um amigo que o ajudou a se libertar. E ainda, a glória que lhe proporcionamos, pois fomos criados para glorificar a Deus, e cada alma liberta do Purgatório, imediatamente voa ao Céu e glorifica incessantemente ao Senhor Deus Todo Poderoso.
2º - O serviço que prestamos a nós mesmos
Adquirimos certamente um protetor no Céu, as almas por nós ajudadas a se libertarem serão eternamente reconhecidas no Céu. No Céu também se ama e se é reconhecido. Constituímos no Céu um representante nosso que, em nosso nome, adora, louva e glorifica o Senhor, enquanto estamos em vida ocupados em trabalhos e fadigas, elas adoram a Deus também em nosso nome.
"Tudo quanto peço a Deus pela intercessão
das almas do Purgatório me é concedido".
Santa Teresa
"Quando quero obter com segurança uma graça,
recorro às almas padecentes e a graça que suplico sempre me é concedida"
Santa Catarina de Bolonha
3º - As principais virtudes que assim praticamos
Socorrendo as almas do Purgatório praticamos a caridade em toda sua extensão. Ajudamos ao nosso próximo no dia-a-dia, em diversas circunstâncias, também devemos fazê-lo às almas do Purgatório, e ainda mais, porque sabemos que não podem socorrer a si mesmas.
4º - O julgamento que nos espera após a morte
É obra de caridade rezar por quem precisa. "Tudo que fizerdes aos meus pequeninos e a mim que o fazeis". Nos disse o Senhor Jesus. E ainda "Tudo o que damos por caridade às almas do Purgatório converte-se em graças para nós, e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado". Nos ensinou Santo Ambrósio Nós podemos rezar por nós e por elas, e as almas do Purgatório não podem se ajudar. Nós podemos pagar as suas dívidas, para que alcancem a liberdade. E ainda, não podemos nos esquecer de que um dia poderemos estar no Purgatório.
O que nos leva ao Purgatório?
A Tibieza e o Pecado Venial
“A tibieza é o hábito não combatido do pecado venial, ainda que seja um só.”
Santo Afonso
A tibieza mina o espírito, sem que as pessoas percebam, nos enfraquece espiritualmente, amortece as energias da vontade e do esforço. Afrouxa a vida cristã. É um sistema de acomodações na vida espiritual do cristão. Há muitos sinais de tibieza, mas o que a caracteriza é o pecado venial deliberado e habitual. Tudo quanto ofende a Nosso Senhor nunca é leve ou coisa sem importância para uma alma fervorosa. O pecado venial é uma ofensa a Deus, e nele há:
Três circunstâncias agravantes:
1. 1- Uma injúria a Majestade Divina.
2-Revolta contra a Autoridade de Deus
3-Ingratidão a Bondade Eterna.
"O hábito dos pecados veniais tira dos nossos olhos
a malícia do pecado grave, e em breve não receamos
passar das faltas mais leves aos maiores pecados".
São Gregório
“Depois da morte, as menores penas que nos esperam é algo maior
do que tudo que se possa padecer neste mundo.
As menores faltas são punidas severamente”.
Santo Anselmo
O que devemos fazer?
Eis as palavras de Santo Agostinho:
Devemos, pois socorrer os falecidos: Em razão do parentesco de sangue. Por gratidão, aos benfeitores nossos. Por justiça. Por caridade.
O Santo Cura d’Ars, São João Batista Vianney, era um devoto fervoroso das almas do Purgatório. Pedira a Deus a graça de sofrer muito. Os sofrimentos do dia, oferecia-os pela conversão dos pecadores, e os da noite, pelas almas do Purgatório.
"Se soubéssemos como é grande o poder das boas almas do Purgatório
(em nosso favor) sobre o Coração de Jesus,
e se soubéssemos também quantas graças
poderíamos obter por intercessão delas,
é certo, não seriam tão esquecidas".
São João Batista Vianney
Como podemos ajudá-las?
Um dia, Santa Gertrudes rezava com fervor pelos falecidos, quando Nosso Senhor lhe fez ouvir estas palavras:
"Eu sinto um prazer todo especial pela oração que me fazem pelos fiéis defuntos, principalmente quando vejo que a compaixão natural se junta a boa vontade de a tornar mais meritória. A oração dos fiéis desce a todo instante sobre as almas do Purgatório, como um orvalho refrigerante e benéfico, como um bálsamo salutar que adoça e acalma suas dores, e ainda as livra das suas prisões mais ou menos rapidamente conforme o fervor da devoção com que é feita".
E ainda noutra ocasião:
"Muitíssimo grata me é a oração pelas almas do Purgatório, porque por ela tenho ocasião de libertá-las das suas penas e introduzí-las na glória eterna".
Oração
Aplicando as indulgências recebidas na oração em sufrágio, para a liberdade das almas do Purgatório.
Aqui vemos a importância das indulgências, através delas pagamos à Justiça Divina o que devemos, ou as oferecemos pelas almas para que elas possam assim pagar o devem à Justiça Divina, e se libertarem para entrar no gozo Celeste.
Salmo De Profundis
É um dos sete Salmos Penitenciais, e é uma oração indulgenciada.
Orações canônicas do Breviário ou Divino Ofício, Orações Oficiais da Igreja
"A oração é a chave de ouro que abre o Céu".
Santo Agostinho
Sofrimento
"Aliviemos as almas do Purgatório, aliviemo-las por tudo o que nos penaliza,
porque Deus tem cuidado em aplicar aos mortos os méritos dos vivos".
São João Crisóstomo
Podemos aceitar os nossos sofrimentos com amor e humildade, oferecendo-os em sacrifício pelas almas, afim de que elas sofram menos. É meritório para nós (santificação) e para as almas (alívio dos sofrimentos) oferecer a Nosso Senhor Jesus Cristo a cruz de cada dia pelos nossos falecidos. Quem não tem a sua cruz?
É bom lembrar que, aceitando os sofrimentos da vida, em espírito de reparação, estaremos diminuindo as penas que poderemos experimentar se formos para o Purgatório. Não sabemos o nosso futuro.
Ato Heróico
Quando fazemos um ato de penitência e oração, como por exemplo rezar um Santo Terço de joelhos, há neste ato, três frutos diferentes: Um fruto meritório – que não o podemos perder, é o mérito pessoal de quem o pratica, nos dá um acréscimo de graça e de glória. Um valor satisfatório do ato – que é a penitência, o sacrifício, e este é para as almas, no Ato Heróico. Uma força impetratória - que é a da oração como oração.
"É o ato que consiste em oferecer à Divina Majestade, em proveito das almas do Purgatório, todo o valor satisfatório das obras que fizemos durante a vida, e todos os sufrágios que forem aplicados pela nossa alma depois da morte". Este ato há de ser feito em perpétuo, isto é, por toda a vida continuando após a morte, mas não obriga sob pena de pecado, a pessoa pode renunciá-lo, não comete pecado mortal nem venial. Pelo Ato Heróico não renunciamos o mérito de nossas boas obras, isto é o fruto meritório, que nos dá nesta vida um acréscimo da graça e da glória no Paraíso. Este merecimento é nosso e não o podemos ceder aos outros.
Além disso, tudo o mais que fizermos, será em proveito das almas do Purgatório, desde que fazemos o Ato Heróico, todas as indulgências que lucramos são das almas. Só a indulgência plenária na hora da morte não é aplicável aos falecidos. O Ato Heróico não impede de rezar nas próprias intenções e pelos falecidos.
O Ato Heróico não nos impede de utilizar a força impetratória da oração por alguma alma em particular, mas a entrega que se faz em favor das almas sofredoras neste ato, no qual cedemos o valor satisfatório, é feito, em geral, por todas as almas, e não em favor de uma ou outra em particular.
É um engano pensar que se perde muito com o Ato Heróico, ao contrário, lucra-se mil vezes mais. Deus se deixa vencer em generosidade? Este Ato é cheio de mérito, é um ato perfeito, que nos faz esquecer de nós mesmos para favorecer nossos irmãos e praticar a caridade. "A caridade cobre uma multidão de pecados", nos ensina a Palavra de Deus. Este heroísmo de caridade será recompensado com superabundância de graças em vida e de glória na eternidade.
Para realizá-lo, não é prescrita uma oração em especial, pode ser feito espontaneamente