quinta-feira, 27 de março de 2025

Santo do dia

Aqueles que amam a Deus e a Sua Mãe, vejam se tudo não se volta a seu favor. Damasceno é perseguido, condenado, atrozmente mutilado: ele pede um grande milagre e o obtém; agradecido, ele consagra a Maria esta mão direita que ela lhe devolveu, e o sacerdócio recompensa sua fuga do mundo; Durante toda a sua vida ele cumpriu seu voto, mas obteve uma santidade eminente diante de Deus e a glória dos grandes doutores diante do mundo cristão.



 27 de março: São João Damasceno, Doutor da Igreja (776-880)


São João Damasceno, assim chamado porque nasceu em Damasco, na Síria, é o último dos Padres gregos e o escritor mais notável do século VIII.


Seu pai, embora um cristão zeloso, foi escolhido como ministro do Califa dos Sarracenos e usou sua alta posição para proteger a religião de Jesus Cristo. Ele deu como tutor ao seu filho um monge italiano que havia se tornado prisioneiro e a quem ele libertou. Este monge era um santo e um estudioso religioso; Em sua escola, John desenvolveu seu gênio e sua virtude de uma maneira maravilhosa.


Após a morte de seu pai, ele foi escolhido pelo califa como ministro e governador de Damasco. Nesses altos cargos, ele foi, como resultado de uma vil impostura e de uma inveja vil, acusado de traição. O califa, crédulo demais, teve sua mão direita decepada. João, tendo obtido que esta mão lhe fosse dada, retirou-se para seu oratório, e ali pediu à Santíssima Virgem que restaurasse o membro decepado, prometendo dedicar toda a sua vida a glorificar Jesus e Sua Mãe através de seus escritos. Durante o sono, a Santíssima Virgem apareceu-lhe e disse-lhe que a sua prece fora ouvida; ele acordou, viu sua mão direita milagrosamente unida ao seu braço, quase sem vestígios de separação. O califa, reconhecendo, diante deste milagre, a inocência de seu ministro, restituiu-o ao seu lugar; mas logo João, depois de ter distribuído seus bens aos pobres, retirou-se para o mosteiro de Saint-Sabas, onde brilhou por sua obediência heróica.


Ordenado sacerdote, ele cumpriu sua promessa à Santíssima Virgem dedicando o resto de seus dias à defesa de sua religião e à glorificação de Maria. Ele foi, em particular, um vigoroso apologista do culto às imagens sagradas, tão violentamente atacado, em sua época, pelos iconoclastas.


Seus trabalhos acadêmicos, especialmente seus escritos dogmáticos, lhe renderam o título de Doutor da Igreja. Ele foi, por seu método, o precursor do método teológico que foi chamado de Escolástica. Suas numerosas e eruditas obras ainda lhe deixaram tempo para escritos piedosos.


Sua devoção à Santíssima Virgem era notável; Ele o chamou pelos nomes mais doces. Em Damasco, sua imagem ocupou um lugar de honra no palácio do grão-vizir, e vimos por que milagre ele foi recompensado. Os discursos que ele compôs sobre os mistérios de Sua vida, e em particular sobre Sua gloriosa Assunção, mostram claramente como ele foi inspirado por Sua divina Mãe. Seus imensos trabalhos não diminuíram sua vida, pois ele morreu aos cento e quatro anos.


Mosteiro de Mar Saba em Belém, onde morreu São João Damasceno (Palestina)



De família árabe, mas cristã de religião e socialmente bem situada, nasceu São João por volta do ano 675, em Damasco (Síria), quando Damasco já se encontrava sob o domínio muçulmano.

Sólida doutrina Cristo lógica
Valendo-se de uma terminologia perfeita do ponto de vista teológico, São João Damasceno exalta em suas homilias os mistérios de Nosso Senhor e refuta os erros cristológicos correntes naqueles tempos. Afirmando a plena união do Verbo Encarnado com Deus Pai e Deus Espírito Santo, desqualifica o monofisismo, que pretende ver a natureza humana de Cristo absorvida pela divindade; o nestorianismo, que considera Nosso Senhor como uma pessoa humana na qual o Verbo haveria estabelecido sua morada como num templo ou mansão, sem assumir de fato a natureza do homem; ou o monotelismo que nega a existência da vontade humana n'Ele.

Assim, por exemplo, em sua homilia sobre a Transfiguração do Senhor, ecoam os ensinamentos antimonofisistas do Concílio de Calcedônia, realizado em 451: "Como é possível que coisas incomunicáveis se misturem e permaneçam sem confundir-se? Como podem se unir uns elementos inconciliáveis, sem perder as características próprias da natureza? Precisamente isto é o que se efetua na união hipostática, de maneira tal que os elementos que se unem formam um só ser e uma só pessoa, mas conservando a unidade pessoal e a duplicidade de naturezas, numa diversidade indivisível e numa união sem confusão, que se realiza mediante a encarnação do Verbo imutável e a incompreensível e definitiva divinização da carne mortal. Como consequência dessa permuta, dessa recíproca comunicação sem confusão e da perfeita união hipostática, os atributos humanos vêm a pertencer a Deus e os divinos chegam a pertencer a um homem. Um só é, com efeito, aquele que, sendo Deus desde sempre, depois Se faz homem".

Com igual fé e profundidade teológica, o santo de Damasco não teme abordar um tema pouco tratado por teólogos mais recentes: o que aconteceu com a alma de Cristo após sua morte? A divindade separou-se da alma humana e do corpo do Senhor?

Explica ele: "Embora a alma santa e divina tenha se separado do corpo incontaminado e vivificante, a divindade do Verbo não se separou de nenhum desses dois elementos, ou seja, nem do corpo nem da alma, por efeito da indivisa união hipostática das duas naturezas, que se realizou na concepção efetuada no seio da santa Virgem Maria, Mãe de Deus. Assim resulta que, inclusive ao produzir-se a morte, continua havendo em Cristo uma só pessoa, que é o Verbo divino, e depois da morte do Senhor, nesta pessoa seguem subsistindo a alma e o corpo".

Homilias sobre Nossa Senhora
Não são menos belas e esplendorosas as homilias do Damasceno sobre Nossa Senhora. Elas nos mostram como a devoção à Santíssima Virgem vem desde os primeiros tempos do Cristianismo, como o amor a Ela era muito patente já na época de Santo Inácio de Antioquia, que foi discípulo do Apóstolo João, de São Justino (†165) e de Santo Irineu (†202).

Nessas homilias se encontram em germe os elementos doutrinários que, séculos depois, facilitaram a proclamação de diversos dogmas marianos, como o da Imaculada Conceição e o da Assunção da Virgem Maria em corpo e alma aos Céus.

Cabe ressaltar nelas, além da profundidade teológica, o entusiasmo e o amor de seu autor à Santíssima Virgem. "La raison parle, mais l'amour chante" (a razão fala, mas o amor canta), escreveu o romancista Alfred de Vigny. Em São João Damasceno, a razão disserta e o amor canta, ao tratar d'Aquela que foi achada digna de ser a Mãe do Redentor.

Eis como ele entoa louvores à virgindade perpétua de Maria: "Ó Joaquim e Ana, casal bem-aventurado e verdadeiramente irrepreensível! Vós levastes uma vida agradável a Deus e digna d'Aquela de quem vos tornastes pais. Tendo vivido com pureza e santidade, gerastes a joia da virgindade, ou seja, Aquela que foi virgem antes do parto, virgem no parto e virgem depois do parto. Aquela que é a Virgem por excelência, virgem para sempre, virgem perpétua no espírito, na alma e no corpo".

E com quanta beleza literária, servindo-se de figuras extraídas do Antigo Testamento, nos ensina ser Maria Mãe de Deus: "Ó Virgem, claramente prefigurada na sarça, nas tábuas escritas por Deus, na arca da lei, no vaso de ouro, no candelabro, na mesa e na vara de Aarão que floresceu. De Vós, com efeito, procede a chama da divindade, o Verbo e manifestação do Pai, o maná suavíssimo e celestial, o nome inefável que está acima de todo nome, a luz eterna e inacessível, o celeste pão de vida. De Vós brotou corporalmente aquele fruto que não é resultado do trabalho de nenhum cultivador".

Essa capacidade de unir doutrina, poesia e fervor, é exemplo típico do que Urs Von Balthasar chama "teologia de joelhos", em oposição à "teologia de escritório", tão habitual nos dias atuais.

Prenunciador do dogma da Assunção
São João Damasceno comparte uma opinião generalizada entre os Santos Padres, de que há uma estreita relação entre a virgindade perpétua de Maria e a incorrupção de seu corpo virginal depois da morte. Ao ponto de que, em trechos como os mencionados a seguir, ele prenuncia o dogma da Assunção de Maria ao Céu, em corpo e alma.

"Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte. Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos tabernáculos. [...] Convinha que
a Mãe de Deus possuísse o que era do Filho, e que fosse venerada por todas as criaturas como Mãe e Serva do mesmo Deus".



SÃO JOÃO DAMASCENO - CONFESSOR E DOUTOR

João de Damasco nasceu mais ou menos na metade do século VII de família árabe cristã e morreu em 749. É considerado o último representante da patrologia grega e equivalente oriental de santo Isidoro de Sevilha, por suas obras monumentais como A Fonte do conhecimento. A sua atividade literária é multiforme: passeia com autoridade da poesia à liturgia, da eloquência à filosofia e à apologética. Filho de alto funcionário do califa de Damasco, João foi companheiro de brinquedos do príncipe Yazid, que mais tarde o promoveu ao mesmo encargo do pai, que corresponde mais ou menos ao de ministro das finanças. Na qualidade de Logoteta, foi representante civil da comunidade cristã junto às autoridades árabes.

A determinado ponto João deixou a corte, demitindo-se do alto cargo, provavelmente pelas tendências anticristãs do califa. Em companhia do irmão Cosme, futuro bispo de Maiouma, retirou-se para o mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém, onde, ordenado sacerdote, aprofundou a sua formação teológica, preparando-se para o cargo de pregador titular da basílica do Santo Sepulcro.

Era o período em que o imperador de Bizâncio, Leão III Isáurico, inaugurava a política iconoclasta, isto é, jogava fora todas as imagens sagradas, cujo culto era declarado ato de idolatria. O patriarca de Constantinopla, de oitenta anos, são Germano, defendeu o culto tradicional explicando a verdadeira natureza da homenagem prestada às imagens, mas pagou com a destituição o seu ato de coragem. De Jerusalém, sob o domínio árabe, fez-se ouvir outra voz a favor do culto das imagens, a do ainda desconhecido monge João Damasceno que, com o seu Três discursos a favor das sagradas imagens, se impôs imediatamente à atenção do mundo cristão. O imperador, não podendo atingir diretamente o monge, recorreu vilmente à calúnia, fazendo falsificar uma carta de João, na qual ele estaria conjurando para restituir Jerusalém ao imperador bizantino.

Nesta disputa teológica, feita com sutis distinções incompreensíveis à mentalidade ocidental, João teve oportunidade de mostrar toda a sua preparação teológica, posta a serviço não só do patriarca de Jerusalém, mas de toda a Igreja. De fato o II concílio de Nicéia (VII ecumênico), reparando as injúrias recebidas pelo defensor da ortodoxia, proclamou-lhe não só a ciência, mas também a santidade. Leão XIII o declarou doutor da Igreja.

MISSAL QUOTIDIANO COMPLETO / EM PORTUGUÊS com o próprio do Brasil edição B - editado e impresso nas oficinas tipográficas do Mosteiro de São Bento / Bahia, 23 de dezembro de 1957. Pág 454.


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