28 de junho: Santo Irineu, Bispo de Lyon e Mártir (120-202)
![]() |
Assim é a fé cristã: Irineu, um homem de gênio, acreditou nela, proclamou-a, defendeu-a com suas palavras e sua pena, e se entregou por ela até a última gota de seu sangue. |
Santo Irineu nasceu na Ásia Menor e lá passou seus primeiros anos. Teve a notável fortuna de ser, ainda jovem, discípulo do admirável Bispo de Esmirna, Policarpo. Irineu nutria tamanha veneração por seu santo mestre que, não contente em imbuir-se de sua doutrina e espírito, modelou suas ações e até mesmo seus passos e andar segundo ele. Logo se tornou bem informado nas Sagradas Escrituras e nas tradições apostólicas, e já se podia prever nele o futuro autor de tantas obras sagradas, e especialmente daquela notável obra contra as Heresias, da qual todos os futuros estudiosos se inspirariam, como de uma fonte rica e segura.
Irineu era o filho amado de Policarpo; mas também era a esperança e a alegria de toda a cristandade. Nunca um diácono desempenhou todos os seus deveres com tanto zelo. O ardor do jovem apóstolo inflamava-se cada vez mais ao ver os missionários que Policarpo enviava para a Gália; logo ele recebeu de seu mestre a ordem ansiosamente desejada de ir em auxílio do velho bispo de Lyon, São Potino.
Policarpo fez um grande sacrifício no dia da separação; mas também realizou uma obra frutífera. A felicidade do venerável Bispo da Gália superou todas as suas esperanças quando reconheceu o pleno mérito de seu jovem assistente. Com Irineu, o futuro da Igreja Ocidental estava salvo.
Uma terrível perseguição causou o desaparecimento de São Potino e de um grande número de fiéis; os pagãos acreditavam ter afogado a Igreja de Lyon no sangue de seus filhos; mas Irineu ainda permaneceu e, por ordem do Papa Eleutério, logo ascendeu à sé episcopal de Lyon. Suas orações, suas pregações, suas exortações, suas repreensões logo reconstituíram esta Igreja devastada. A paz, porém, era apenas precária, e a perseguição fez com que o sangue dos mártires corresse novamente. A hora de Irineu ainda não havia chegado; sua obra estava apenas começando, e Deus queria dar-lhe tempo para completá-la.
Quando, em 202, os horrores da perseguição irromperam novamente, a Igreja de Lyon, ainda proeminente, estava pronta para suportar o choque. Irineu, mais do que nunca, reavivou a fé de seus filhos e mostrou-lhes o Céu. Ele foi uma das primeiras vítimas; foi a justa recompensa devida aos seus longos trabalhos. Entre todos os louvores que lhe foram concedidos pelos Santos, citemos os gloriosos títulos de Zelote do Novo Testamento, Tocha da Fé, homem versado em todas as ciências.