A perspectiva do exílio e da morte nunca fechou a boca do valente patriarca de Constantinopla. Para proteger a opinião pública, tenhamos cuidado para não trair a verdade.
São João, apelidado de Crisóstomo, ou seja Boca de Ouro, pela força e beleza da sua eloquência, nasceu em Antioquia, por volta do ano 344. Viúva aos vinte anos, a sua mãe, mulher muito notável, não poupou nada para dê-lhe uma educação brilhante. Dotado de um génio superior, objecto de admiração universal, inclinado ao prazer, João foi reconduzido à realidade das coisas e conquistado para a perfeição do Evangelho, pela amizade fiel de um jovem da sua idade, que foi São Basílio. . Nobre exemplo do apostolado que um verdadeiro amigo pode exercer junto aos que o rodeiam! A amizade dos dois jovens só aumentou com a agora perfeita união de pensamentos e aspirações.
Tendo se tornado clérigo da Igreja de Antioquia, Crisóstomo renunciou completamente às vaidades do século; ele só aparece com uma túnica pobre; a oração, a meditação, o estudo da Sagrada Escritura, dividem o seu tempo: jejua todos os dias e tira no chão do seu quarto o pouco sono que concede ao seu corpo, depois de longas vigílias. Subindo de grau em funções eclesiásticas, ele se torna o olho, o braço, a boca de seu bispo. Sua eloquência era tão grande que toda a cidade afluía às suas primeiras pregações, onde muitas vezes havia até cem mil ouvintes ou mais para ouvi-lo.
Aos trinta anos, Crisóstomo fugiu para a vida monástica, episcopado do qual, mais tarde, não pôde escapar. Foi em 398 que foi levado à força para Constantinopla e coroado patriarca da cidade imperial. Seu zelo e a independência de sua língua só foram acompanhados por sua caridade; sua eloquência sedutora, que então brilhava com todo o seu brilho, atraiu multidões ao redor de seu púlpito; ele reavivou a fé nos corações dos fiéis e converteu uma multidão de hereges e pagãos. Nunca um pastor foi tanto o ídolo do seu povo; nunca um pastor suscitou ao seu redor tal movimento cristão: a eloquência do orador revelava o coração de pai, de apóstolo e de santo.
Deus permitiu que a cruz completasse a obra de perfeição em Crisóstomo. A coragem invencível do Pontífice, a sua liberdade para condenar as desordens da corte, valeram-lhe o exílio. Ao sair de Constantinopla, trouxe esta orgulhosa resposta à imperatriz: “Crisóstomo só teme uma coisa: não é o exílio, nem a prisão, nem a pobreza, nem a morte, é o pecado. Morreu no exílio, vítima de maus tratos por parte de seus inimigos. Embora não tenha o título de mártir, tem todo o mérito e toda a glória.
São Paulo foi objeto de sua admiração e devoção. Ele disse estas lindas palavras sobre ele: “O coração de Paulo era o coração de Cristo”. A perspectiva do exílio e da morte nunca fechou a boca do valente patriarca de Constantinopla. Para proteger a opinião pública, tenhamos cuidado para não trair a verdade.
Caixão das relíquias de São João Crisóstomo, Catedral de São Jorge em Istambul (Türkiye)
27 DE JANEIRO
• SÃO JOÃO CRISÓSTOMO - BISPO, CONFESSOR E DOUTOR
João, da Antioquia, chamado Crisóstomo (em grego: boca de ouro) devido à sua áurea eloquência, formou-se em direito e nos saberes do século, antes de entregar-se, com engenho e esforço, às divinas letras. Então, iniciado no clero, e feito presbítero da igreja de Antioquia, com a morte de Nectário, por ordem do imperador Arcádio, tomou o governo da igreja de Constantinopla. Recebendo o encargo de pastor, começou a repreender veementemente os costumes depravados, e a licenciosidade da vida dos homens de nobreza. Por isso, foi alvo da grande inveja de muitos. Foi gravemente ofendido inclusive pela Imperatriz Eudóxia, que havia repreendido por causa do dinheiro da viúva Calítropa, e do campo de uma outra viúva.
Alguns bispos fizeram um conciliábulo na Calcedônia, ao qual ele não quis ir, porque não era um concílio legítimo nem público; fazendo pressão contra Crisóstomo, em primeiro lugar a própria Eudóxia, expulsou-o para o exílio, mas, pouco depois, como o povo fizesse uma sedição pedindo por ele, foi trazido de volta do exílio, com a admirável aprovação da cidade. Entretanto, não deixando ele de reprovar os maus costumes, e proibindo a celebração de jogos públicos para a estátua de prata de Eudóxia na praça de Santa Sofia, por conspiração de bispos inimigos foi novamente exilado, para a tristeza de todas as viúvas e pobres, privados, então, do pai de todos eles. É incrível o quanto Crisóstomo sofreu no exílio, e quantos converteu à fé de Jesus Cristo.
Entretanto, sendo celebrado um concílio em Roma, foi restituído por decreto do Pontífice Inocêncio I, mas era afligido por muitos males e calamidades pelo caminho, por parte dos soldados que o guardavam. Sendo conduzido pela Armênia, apareceu-lhe, de noite, São Basilisco Mártir, em cujo templo antes orara, dizendo-lhe: Irmão João, amanhã estaremos no mesmo lugar. No dia seguinte, tomando o sacramento da Eucaristia e munindo-se com o sinal da cruz, entregou a alma a Deus, no dia 14 de setembro de 407. Morto ele, caiu um Constantinopla um terrível granizo, e, após quatro dias, a Imperatriz deixou a vida. No dia 27 de janeiro, o seu corpo, com insigne pompa e celebrado por multidões de homens, foi levado a Constantinopla por Teodósio, filho de Arcádio, e sepultado com honra. Venerando as suas relíquias, esse pediu perdão pelos seus pais. Depois, o corpo foi trasladado a Roma, na basílica Vaticana. A multidão, piedade e esplendor dos seus sermões e demais escritos, a sabedoria de sua interpretação e explicação das sentenças dos livros sagrados são admirados por todos, e muitos dos seus escritos e pregações são julgados dignos de ter sido ditados pelo próprio Apóstolo Paulo, pelo qual ele tinha grande devoção.
MISSAL QUOTIDIANO COMPLETO / EM PORTUGUÊS com o próprio do Brasil edição B - editado e impresso nas oficinas tipográficas do Mosteiro de São Bento / Bahia, 23 de dezembro de 1957. Pág 420.
• SÃO JOÃO CRISÓSTOMO - BISPO, CONFESSOR E DOUTOR
João, da Antioquia, chamado Crisóstomo (em grego: boca de ouro) devido à sua áurea eloquência, formou-se em direito e nos saberes do século, antes de entregar-se, com engenho e esforço, às divinas letras. Então, iniciado no clero, e feito presbítero da igreja de Antioquia, com a morte de Nectário, por ordem do imperador Arcádio, tomou o governo da igreja de Constantinopla. Recebendo o encargo de pastor, começou a repreender veementemente os costumes depravados, e a licenciosidade da vida dos homens de nobreza. Por isso, foi alvo da grande inveja de muitos. Foi gravemente ofendido inclusive pela Imperatriz Eudóxia, que havia repreendido por causa do dinheiro da viúva Calítropa, e do campo de uma outra viúva.
Alguns bispos fizeram um conciliábulo na Calcedônia, ao qual ele não quis ir, porque não era um concílio legítimo nem público; fazendo pressão contra Crisóstomo, em primeiro lugar a própria Eudóxia, expulsou-o para o exílio, mas, pouco depois, como o povo fizesse uma sedição pedindo por ele, foi trazido de volta do exílio, com a admirável aprovação da cidade. Entretanto, não deixando ele de reprovar os maus costumes, e proibindo a celebração de jogos públicos para a estátua de prata de Eudóxia na praça de Santa Sofia, por conspiração de bispos inimigos foi novamente exilado, para a tristeza de todas as viúvas e pobres, privados, então, do pai de todos eles. É incrível o quanto Crisóstomo sofreu no exílio, e quantos converteu à fé de Jesus Cristo.
Entretanto, sendo celebrado um concílio em Roma, foi restituído por decreto do Pontífice Inocêncio I, mas era afligido por muitos males e calamidades pelo caminho, por parte dos soldados que o guardavam. Sendo conduzido pela Armênia, apareceu-lhe, de noite, São Basilisco Mártir, em cujo templo antes orara, dizendo-lhe: Irmão João, amanhã estaremos no mesmo lugar. No dia seguinte, tomando o sacramento da Eucaristia e munindo-se com o sinal da cruz, entregou a alma a Deus, no dia 14 de setembro de 407. Morto ele, caiu um Constantinopla um terrível granizo, e, após quatro dias, a Imperatriz deixou a vida. No dia 27 de janeiro, o seu corpo, com insigne pompa e celebrado por multidões de homens, foi levado a Constantinopla por Teodósio, filho de Arcádio, e sepultado com honra. Venerando as suas relíquias, esse pediu perdão pelos seus pais. Depois, o corpo foi trasladado a Roma, na basílica Vaticana. A multidão, piedade e esplendor dos seus sermões e demais escritos, a sabedoria de sua interpretação e explicação das sentenças dos livros sagrados são admirados por todos, e muitos dos seus escritos e pregações são julgados dignos de ter sido ditados pelo próprio Apóstolo Paulo, pelo qual ele tinha grande devoção.
MISSAL QUOTIDIANO COMPLETO / EM PORTUGUÊS com o próprio do Brasil edição B - editado e impresso nas oficinas tipográficas do Mosteiro de São Bento / Bahia, 23 de dezembro de 1957. Pág 420.
