sábado, 4 de janeiro de 2025

Santo dia

A vida do Estilita nos oferece um belo exemplo de desapego do mundo. A carne tende constantemente a nos trazer de volta à terra, de onde ela tem sua origem. A alma, ao contrário, que vem do alto, só pede para subir, como a chama. Não o atrapalhemos nas preocupações do século e ele irá decolar.

5 de janeiro: São Simeão Estilita, asceta (século V)

Simeão Estilita, o Antigo (Sis, ca. 389 - Telnessin, 459) um asceta cristão sírio, que viveu no cimo de uma coluna de pedra. É chamado de "Antigo" para distingui-lo de São Simeão Estilita, o Moço, que viveu no século VI.
     Simeão nasceu no norte da Síria, perto da moderna Alepo, tendo começado a sua vida como pastor. Em 403 a.C. teria 23 anos e ingressou como monge em Teleda, tendo adoptado práticas de austeridade extremas que geraram critícas e o afastamento da comunidade. Mudou-se então para Telnessin por volta do ano 412. Viveu como eremita numa cela e depois passou a viver no topo de uma coluna preso por uma corrente (tornou-se um estilita), para “se aproximar de Deus, e se afastar dos pecados do mundo”.
      Foi adoptando cada vez colunas mais elevadas, tendo a última onde viveria durante trinta anos (entre 429-459) dezessete metros de altura. O que era necessário à sobrevivência era levado através de uma escada.

Aqui está talvez o mais estranho, o mais milagroso de todos os santos. Ele nasceu na Cilícia. Seu pai era pastor e ele próprio passou os primeiros anos de sua vida cuidando dos rebanhos. Tinha treze anos quando um dia, na igreja, ouviu estas palavras: “Bem-aventurados os que choram!... Bem-aventurados os que são puros de coração!” Iluminado pela graça, inflamado pelo desejo de perfeição, começou a rezar, adormeceu e teve um sonho: “Pareceu-me”, disse ele, “que estava cavando os alicerces de um edifício quando vi a cova profunda; basta, parei: “Cave de novo!”, disse-me uma voz Quatro vezes retomei meu trabalho e parei, e quatro vezes ouvi as mesmas palavras: “Cave de novo!” disse: "Basta! Agora você pode erguer um edifício tão alto quanto quiser." Este sonho significava, sem dúvida, humildade, a base de todas as virtudes e a medida da perfeição; mas também aludiu ao tipo de vida que o jovem piedoso deveria levar. homem.

Simeão entra num mosteiro; ali, suas mortificações parecem tão assustadoras que ele é aconselhado a ir para a solidão. Ele se retira para um deserto e passa toda a Quaresma sem comer; no dia da Páscoa, a Sagrada Comunhão restaura todo o seu vigor. A partir daquele momento, ele decidiu passar o tempo da Quaresma desta forma todos os anos. Logo multidões se reuniram ao seu redor, atraídas por seus milagres; ele fugiu para uma montanha para escapar do comércio dos homens; mas a competição prodigiosa aumentava a cada dia. Foi então que mandou construir uma coluna que, subindo de ano para ano, atingiu finalmente a altura de quarenta côvados, ou cerca de vinte metros, na qual viveu cerca de trinta e seis anos. Daí vem o apelido Estilita, palavra que significa, em grego, o habitante da coluna. As horas do seu dia eram divididas entre oração, pregação e obras de caridade; a noite foi passada quase inteiramente em conversas com o Céu. Alguém um dia quis contar as profundas inclinações que fez na presença de Deus; Ao chegar ao número mil duzentos e quarenta e quatro, ele parou, não tendo mais paciência para continuar. Tudo é maravilhoso nos detalhes desta vida surpreendente; e ainda assim não há nada ali que não mostre um homem guiado pelo Espírito de Deus e apoiado pela virtude do Alto.


Ruínas da Basílica de São Simeão e restos de sua coluna em Aleppo (Síria)

  

  O Padre António Vieira, no Sermão de Todos os Santos, VII, fala dele assim:
       "Mais fazia Simeão Estilita, a quem com razão podemos chamar Anacoreta do Ar, e não da terra. Vivia sobre uma coluna de trinta e cinco côvados de alto, onde perseverou oitenta anos ao sol, ao frio, à neve, aos ventos, comendo uma só vez na semana, e orando de dia e de noite, quase sem dormir. Umas vezes orava de joelhos e prostrado, outras em pé e com os braços abertos, e nesta postura estava reverenciando continuamente a Deus com tão profundas inclinações, que dobrava a cabeça até os artelhos. (...)"

  A ascese (do grego ἄσκησις, derivado di ἀσκέω, “exercitar”) consiste na prática da renúncia do prazer ou mesmo a não satisfação de algumas necessidades primárias, com o fim de atingir determinados fins espirituais. 
  A Ascética consiste no esforço metódico e continuado, com a ajuda da graça, para favorecer o pleno desenvolvimento da vida espiritual, aplicando meios e superando obstáculos. Aqui actuam e organizam-se os grandes meios e práticas da vida espiritual: oração, penitência, retiro, exame de consciência, direcção espiritual, sacramentos. Como também uso de métodos, projectos, disciplina interior, para um maior aproveitamento da graça e dos meios. Este sentido amplo é o que normalmente tem a palavra, quando se encontra em títulos de manuais, ou se contrapõe a Mística.
   Ascese, em sentido mais restrito, é o conjunto dos exercícios mortificantes, aplicados directamente a eliminar vícios, dominar e reorientar tendências desordenadas, robustecer a liberdade. É o que normalmente se expressa em termos como abnegação, mortificação, penitência, renúncia.

O local onde se erguia a coluna tornou-se alvo de peregrinação de doentes e de pessoas que procuravam aconselhamento espiritual. Aparentemente a sua influência atingiu imperadores, como Leão I de Bizâncio, ao qual escreveu uma carta na qual se pronunciava a favor do Concílio de Calcedónia.

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II

 A sentença da alma culpada no juízo particular  Discedite a me, maledicti, in ignem aeternum, qui paratus est diabolô et angelis eius – “A...