São Sabas, nascido perto de Cesaréia, na Capadócia, de pais nobres e piedosos, foi colocado, aos cinco anos, sob a tutela de um tio muito perverso; ele fugiu e se refugiou em um convento. Foi a Providência quem guiou seus passos; ele abraçou generosamente todos os santos rigores da vida monástica. Dez anos depois, o desejo de visitar os Lugares santificados pela vida mortal do Salvador levou-o a Jerusalém. Feita a peregrinação, resolveu estabelecer-se entre os famosos anacoretas da Palestina e viveu até os trinta anos sob a direção do solitário santo Teoctisto. Mas parecia-lhe que Deus lhe pedia mais e, acreditando que ainda não tinha feito nada, mergulhou na solidão vizinha para ali viver só com Deus.
Confinado em uma pequena caverna, ali passava cinco dias da semana sem comer nada, dedicando-se apenas à oração, ao canto de salmos e aos trabalhos manuais. Todos os sábados trazia todos os cestos que havia tecido para o mosteiro onde morava, passava o domingo com os irmãos e voltava para a sua ermida. Mais tarde, retirou-se para as margens do Jordão, onde o demônio o atormentou com espectros horríveis, uivos assustadores, ameaças, golpes e, sobretudo, aparições sedutoras. O Santo, munido de oração, conquistou tantas vitórias quantas teve que lutar, até desanimar seu formidável inimigo.
Sabas, ainda movido pelo desejo de uma solidão cada vez mais profunda, retirou-se para rochas íngremes; Estabeleceu ali, para subir e descer, um grande cabo com nós que servia de rampa. Ele teve que buscar água a duas léguas de distância e carregá-la nos ombros. Sua alimentação consistia apenas de raízes silvestres; mas, por outro lado, Deus alimentou a sua alma com a abundância das suas consolações.
Sabas foi descoberto pela visão da corda que pendia da rocha, e a partir daí a sua solidão transformou-se numa enorme multidão de peregrinos que vieram pedir-lhe a comunicação dos bens celestes de que estava repleto. Muitos permaneceram seus discípulos, e ele agrupou um grande número de pequenas células no vale para recebê-los. Grandes Santos, atraídos pela fama de suas virtudes, vieram eles próprios visitá-lo. Ele às vezes rompeu com sua solidão, quando a glória de Deus o exigia, e várias vezes a corte de Constantinopla foi edificada por suas virtudes.
