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Se, como João de Matha, fôssemos dóceis às inspirações do céu, daríamos à luz maravilhas. |
8 de fevereiro: São João de Matha, confessor (1160-1213)
São João de Matha, originário de uma família ilustre da Provença, foi consagrado ao Senhor por um voto desde o nascimento. Ele brilhou, ainda jovem, com o instinto divino da caridade. Ele era visto distribuindo aos pobres o dinheiro que seus pais lhe davam para seus pequenos prazeres, e toda sexta-feira ele ia atender os doentes nos hospitais; Lá, ele tratou de seus ferimentos e lhes forneceu toda a ajuda que estava ao seu alcance. É por essa conduta admirável, há razões para acreditar, que o jovem piedoso mereceu se tornar pai de uma grande Ordem de caridade.
No dia em que foi elevado ao sacerdócio, uma coluna de fogo repousou sobre a cabeça do novo sacerdote e manifestou a unção do Espírito Santo que estava atuando em sua alma. Tendo-se espalhado o rumor deste prodígio, uma grande multidão compareceu à sua primeira missa. No momento da consagração, quando João levantou a hóstia, o rosto do santo foi visto brilhar com uma luz sobrenatural e seus olhos fixos acima do altar, em um espetáculo invisível para os presentes. "Eu vi", ele disse mais tarde, "um anjo todo vestido de branco, com uma vestimenta brilhante, usando no peito uma cruz vermelha e azul; seus braços estavam cruzados, e ele apresentou suas mãos a dois cativos, um cristão e o outro mouro; eles estavam a seus pés na postura de suplicantes."
Este foi o anúncio claro da obra que ele iria estabelecer; Ele foi, de fato, o fundador da Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos, cujos monges usavam o traje indicado pela visão.
Quem contará tudo o que o Santo teve que sofrer em seu doloroso apostolado? "Se não tenho a felicidade de ser um mártir", ele costumava dizer, "que eu ao menos permaneça entre os bárbaros, como um escravo, pelos meus irmãos!"
Deus mais de uma vez apoiou seu zelo com milagres. Um dia, quando os habitantes de Túnis quiseram impedi-lo de trazer de volta à Europa os muitos cativos que havia resgatado, ele se prostrou e invocou Maria; então, para grande espanto dos infiéis, estendeu seu manto como uma vela sobre o navio. Este, sem remos, sem velas, sem leme, logo navegou em mar aberto e desembarcou em menos de dois dias em Óstia, sob os aplausos de uma multidão maravilhada com o prodígio.
João de Matha morreu em Roma, exausto pelo cansaço, na pobreza e na penitência, mas carregado de obras e méritos. A pobre cela que ele santificou em seus últimos anos e em sua morte foi preservada até hoje.
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Escápula de São João de Matha, Basílica de São Crisógono em Roma (Itália) |
João construiu o novo convento em Cerfroid. A afluência de jovens a esta nova instituição era considerável, e João deu-lhes um novo superior, na pessoa de São Felix de Valois. Não conseguindo ele próprio o consentimento do Papa para trabalhar no meio dos infiéis, em breve mandou missionários. Dois dos mesmos libertaram cento e oitenta e seis cristãos, que foram em triunfo levados a Paris. Este brilhante resultado despertou de tal forma o entusiasmo de João da Matha, que renovou o pedido perante o Papa, de lhe ser permitida a viagem à África. Desta vez mais bem sucedido, partiu imediatamente para África onde resgatou grande número de cristãos. Em 1210 fez segunda viagem a Tunis e grandes foram os tormentos e provações, a que os maometanos o sujeitaram. O zelo que o animava, contraiu-lhe um ódio mortal do infiéis, que de tal modo o maltrataram, que o deixaram meio morto, banhado em sangue nas ruas de Tunis. Neste martírio João se julgava feliz de poder sofrer pela causa de Deus. Logo que recuperou as forças, reuniu todos os cristãos resgatados, e embarcou-os num navio que os devia levar a Roma. Os bárbaros, porém, foram-lhes ao encalço, apoderaram-se do navio, quebraram-lhe o leme, rasgaram as velas, tudo isto para impossibilitar o desembarque dos cristãos. João, porém não se deixou intimidar. Cheio de confiança em Deus, substituiu as velas pelo seu manto, tomou o Crucifixo e pediu a Deus que dirigisse o navio. Maravilhoso feito produziu este recurso, inspirado pela fé.
Em poucos dias o navio, contra toda a expectativa, chegou a Ostia. Nos últimos anos de vida, João percorreu a Itália, França e Espanha, despertando por toda a parte um vivo interesse pela triste sorte dos cristãos na África. Deus moveu os corações dos ricos, que concorreram com avultadas somas para a realização de uma obra tão generosa e cristã, como era a libertação dos cristãos das mãos dos maometanos. A Ordem desenvolveu-se rapidamente, e tornou-se necessária a fundação de novos conventos.
João, outra vez chamado pelo Papa a Roma, lá fora incansável no serviço da caridade: Deus abençoou-lhe o apostolado de tal modo, que milhares de pecadores, entre estes os mais contumazes, se converteram a uma vida exemplar.
João da Matha morreu em 1213, na idade de 61 anos, tendo a consolação de ver a Ordem espalhada e conhecida em todo o mundo. O corpo foi depositado na Igreja do seu convento em Roma, e mais tarde trasladado para Espanha. Canonizado por Inocêncio XI, a festa de São João da Matha foi marcada para o dia 8 de fevereiro.