quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Santo do dia

 14 de agosto: São Maximiliano Maria Kolbe, sacerdote e apóstolo da Imaculada Conceição (1884-1941)

"v é igual a V." Esta é a fórmula dada por Maximilien Kolbe e explicada longamente. Em poucas palavras, significa: "Se eu quiser o que Deus quer, serei um santo."


Raymond Kolbe nasceu em Pabjanice, na Polônia, uma pequena cidade então dependente da Rússia dos Czares. Dotado de um temperamento vivo, espontâneo e teimoso, frequentemente testava a paciência de sua mãe. Aos dez anos, num dia em que se dirigia à sua Mãe do céu após mais uma distração, a Virgem lhe apareceu e lhe apresentou duas coroas, uma branca e outra vermelha, simbolizando a pureza e o martírio. Como Ela o convidava a escolher, sua generosidade o levou a escolher as duas. A partir desse momento, o privilegiado de Maria tomou essa decisão generosa: «Eu me tornarei melhor a cada dia.» E, de fato, o pequeno Raymond não foi mais o mesmo. O eleito da Virgem já sonhava com o martírio e falava disso com entusiasmo: Maria havia canalizado essa energia fervilhante.


Aos 13 anos, Raymond entrou no convento de São Francisco, em Lemberg, e fez profissão sob o nome de Maximiliano Maria. Em 1912, saiu da Rússia disfarçado de camponês, continuou seus estudos na Universidade Gregoriana de Roma e fundou a Milícia da Imaculada, que seria a ideia e a obra principal de toda a sua vida. Os sete primeiros Cavaleiros de vanguarda se consagraram a Maria Imaculada em 17 de outubro de 1917. Esses dedicados servos da Virgem enfrentariam todos os inimigos de Deus e da Igreja, especialmente os agentes da maçonaria na Itália, na Polônia e no mundo inteiro.


O apostolado externo do Padre Kolbe começou na Polônia, em janeiro de 1922, com a fundação da revista mensal intitulada: O Cavaleiro da Imaculada. Em 1930, São Maximiliano Maria partiu para implantar uma segunda Cidade de Maria no Japão, perto de Nagasaki. Dois anos depois, as Índias receberam o missionário da Virgem, cujo trabalho parecia infrutífero devido à sua saúde debilitada pela tuberculose. Chamado de volta à Polônia, onde deveria retomar a direção de sua primeira Cidade, o Padre Kolbe continuou a se dedicar à causa do reinado de Maria com apenas um quarto de pulmão.


Sua ação evangelizadora abarcava todos os meios de apostolado: a palavra, a difusão de milhares de medalhas milagrosas, a imprensa, o cinema, o teatro, o rádio, o avião, etc... «Mas acima de tudo, dizia ele a seus irmãos, o bom exemplo, a oração, o sofrimento aceito por amor, essa é a ação por excelência. Nossa maior missão é mostrar na vida prática o que deve ser o Cavaleiro da Imaculada.»


A Segunda Guerra Mundial o encontrou à frente da mais importante organização católica de publicações em toda a Polônia. Com uma paciência e submissão tão heroicas quanto admiráveis, São Maximiliano Maria Kolbe aceitou a destruição total de sua obra pelos nazistas. Condenado a trabalhos forçados no campo de extermínio de Auschwitz, foi um raio de sol para os prisioneiros. Em 1941, na véspera da festa da Assunção, o Santo morreu no bunker da fome, após ter oferecido sua vida para salvar a de um bravo pai de família condenado à morte.

 

Cela da fome onde Maximilien Kolbe agonizou em Auschwitz (Polônia)



Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II

 Da oração feita diante do Santíssimo Sacramento



In conspectu angelorum psallam tibi, adorabo ad templum sanctum tuum –
“À vista dos anjos te cantarei salmos; eu te adorarei no teu santo templo” (Sl 137, 2)


Sumário. Depois da oração feita na comunhão, a que se faz na presença de Jesus sacramentado é a mais agradável a Deus e a mais proveitosa para nós. Sim, porque o Senhor está ali presente exatamente para consolar a todos que o vêm visitar e expor-lhe as suas necessidades, e, portanto, dispensa as suas graças com mais abundância. Procuremos, pois, visitar frequentemente o Santíssimo Sacramento e fazer na sua presença as orações que temos por hábito fazer durante o dia.


I. Depois da oração feita na santa comunhão, a que se faz na presença de Jesus Cristo no Sacramento do Altar é a mais agradável a Deus e a mais proveitosa para nós. Sim, pois que o Senhor, embora esteja em toda a parte, pronto a atender ao que reza, todavia no Santíssimo Sacramento dispensa as graças com mais abundância; porque se deixa ficar de dia e de noite em nossas igrejas exatamente para consolar a todos os que o vêm visitar e recomendar-Lhe suas necessidades.


É certo que, se em toda a terra houvesse só uma igreja como residência de Jesus Cristo sobre o altar, ela estaria continuamente repleta de fiéis, ocupados em venerar nosso Salvador que se digna ficar incessantemente conosco sob as espécies de pão. Mas porque Ele quis estar presente em tantas igrejas afim de se fazer achar pelos que O amam, eis que em muitas igrejas Ele fica só durante a maior parte do dia.


Mas, se os seculares não cuidam em visitar a Jesus sacramentado e o deixam só, ao menos os eclesiásticos e os religiosos, que formam a parte escolhida da corte de Jesus, deviam visitá-Lo constantemente. Nos palácios dos príncipes nunca falta quem os procure, especialmente os que moram no próprio palácio. Tais são os religiosos em seus mosteiros; eles têm a honra de morar no palácio que o Rei do céu se elegeu na terra, e, portanto na frase do Padre Balthazar Alvarez, podem visitá-Lo sempre quando quiserem, de dia e de noite. É isso também o que arrancava lágrimas ao grande servo de Deus: ver os palácios dos grandes cheios de gente, e as igrejas, onde reside Jesus Cristo, ermas e abandonadas.


II. O Padre Salésio, da Companhia de Jesus, só de ouvir falar no Santíssimo Sacramento, ficava transbordado de consolação e não se enfadava de O visitar. Se o chamavam à portaria, se voltava à sua cela, ou ia de um para outro lugar na casa, aproveitava sempre estas ocasiões para renovar suas visitas a seu amado Senhor. Observou-se que dificilmente passava uma hora do dia sem que o visitasse. É o que tu também deves fazer. Enquanto possível, procura fazer na presença de Jesus sacramentado todas as orações que tens por hábito fazer cada dia, como sejam: o terço, as horas canônicas, a meditação, etc.


Não deves, porém, ir à igreja para provar doçuras e consolações; mas unicamente para agradar a Deus, pedindo-Lhe que apague o ardor de tuas paixões e te enriqueça de suas virtudes. Deves sobretudo ocupar-te ali em fazer atos de amor, consagrando-te inteiramente à Jesus, e comprazendo-te, à imitação dos Bem-aventurados no céu, na felicidade infinita de que goza.


– Semelhantes atos de amor, produzidos diante do diviníssimo Sacramento, muito embora sem doçura sensível, são muito agradáveis a Deus e serão talvez mais proveitosos a ti do que os outros exercícios piedosos do dia.


Ó Serafins, vós ardeis em vivas chamas de amor diante de vosso e meu Senhor; e, contudo, não é por vosso amor que este Rei do céu quis ficar neste Sacramento, mas sim por amor de mim. Ó anjos amantíssimos, permiti que eu também arda do mesmo amor; acendei em mim o fogo que vos devora, afim de que eu arda como vós e convosco. – E Vós, ó Senhor, que estais aí encerrado no Tabernáculo, para ouvir as súplicas dos miseráveis que Vos vêm pedir audiência, escutai agora a súplica que Vos faz o pecador mais ingrato de todos.


Conhecendo a vossa amabilidade infinita, sinto-me cativado pelo vosso amor e tenho um grande desejo de Vos amar e de Vos agradar por meio de frequentes visitas. Não tenho, porém, forças de o fazer, se Vós não me ajudardes. Conheça todo o paraíso a grandeza do vosso poder e a imensidade da vossa clemência em fazer-me, de rebelde que tenho sido, grande amante vosso. Supri a tudo que me falta, afim de que chegue a amar-Vos muito, ao menos tanto quanto Vos ofendi. Fazei-o, ó meu Jesus, pelo amor da vossa e minha querida Mãe, Maria.


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 296-298)

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II

Condições da oração


Petitis et non accipitis, eo quod male petatis –
“Pedis e não recebeis, porque pedis mal” (Tg 4, 3)


Sumário. Muitas pessoas rezam e não obtém nada, porque não pedem como convém. Para bem rezar é preciso, primeiro a humildade, porque Deus resiste aos soberbos. Em segundo lugar é preciso a confiança, que nos faz esperar tudo pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima. Mas, sobretudo, é necessária a perseverança, pois que, para nosso bem, Deus alguma vez demora em atender e quer ser vencido pela nossa importunação. Têm as tuas orações sempre estes três requisitos?


I. Muitas pessoas rezam e não obtém nada, porque não pedem como convém: Petitis et non accipitis, e o quod male petatis. Para bem rezar é preciso, em primeiro lugar, a humildade. Deus resiste aos soberbos e não lhes atende os pedidos; mas dá a sua graça aos humildes (2), e não deixa os seus pedidos sem os deferir.


“A oração do que se humilha, penetrará as nuvens e não se retirará enquanto o Altíssimo não puser nela os olhos.” (3)


E isto acontece, ainda que a pessoa tenha sido anteriormente pecador, porquanto Deus não desprezará um coração contrito e humilhado (4).


Em segundo lugar, é preciso a confiança, que nos faz esperar tudo pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima. Nullus speravit in Domino et confusus est (5) – “Ninguém esperou no Senhor e ficou confundido”. Ensina-nos Jesus Cristo mesmo que, quando tenhamos alguma graça a pedir, não o chamemos com outro nome, além do de Pai: Pater noster, afim de que oremos com toda a confiança que é própria do filho para com o pai. O que pede com confiança obtém tudo. “Eu vos digo”, assim fala o Senhor, “que todas as coisas que pedirdes orando, crede que as recebereis, e ela vos acudirão.” (6)


E quem pode recear, pergunta Santo Agostinho, ser enganado no que foi prometido pela própria Verdade, que é Deus? A Escritura nos afiança que Deus não é como os homens, que prometem e depois faltam à palavra, ou porque mentem quando prometem, ou porque mudam de vontade. Dixit ergo, et non faciet? (7) Santo Agostinho ainda acrescenta: Se o Senhor não nos quisesse conceder as graças, para que nos havia de exortar continuamente a pedir-lhas? Prometendo, contraiu a obrigação de nos dar as graças que lhe suplicarmos. Promittendo, debitorem se fecit.


II. O que importa sobretudo, é ter perseverança na oração. Diz Cornélio a Lapide que o Senhor “quer que sejamos perseverantes na oração até a importunação. É o que significam os textos seguintes da Escritura: É preciso orar sempre (8); Vigiai sempre, orando (9); Orai sem cessar (10). É o que significam ainda estas repetições: Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei à porta e ela se vos abrirá (11). Bastava ter dito: pedi, petite; mas o Senhor nos quis fazer compreender que devemos seguir o exemplo dos mendigos, que nunca deixam de pedir, de insistir e de bater à porta, enquanto não tenham recebido alguma esmola.


A perseverança final, especialmente, é uma graça que se não obtém sem oração contínua. Nós não podemos merecer a perseverança, mas merecemo-la de algum modo, diz Santo Agostinho, por meio das orações. Rezemos, pois, sempre, e não deixemos de rezar, se nos quisermos salvar. Os confessores e os pregadores nunca deixem de exortar à oração, se quiserem que as almas se salvem; porquanto o que reza certamente se salva, e o que não reza certamente se condena.


Meu Deus, tenho confiança de que já me perdoastes; mas meus inimigos não deixarão de me combater até à morte. Se não me socorrerdes, sucumbirei de novo. Suplico-Vos, pelos merecimentos de Jesus Cristo, que me concedais a santa perseverança. Não permitais que me afaste de Vós. Peço-Vos o mesmo favor para todos os que estão atualmente na vossa graça. Confiado em vossas promessas, estou certo de que me dareis a perseverança, se continuar a pedi-la. Receio, porém, que nas tentações deixe de recorrer a Vós, e assim torne a cair no pecado. Peço-Vos, pois, a graça de nunca deixar de rezar. – Fazei que nas ocasiões perigosas me recomende sempre a Vós e chame em meu auxílio os santíssimos Nomes de Jesus e Maria. É o que estou resolvido a fazer sempre, e espero fazê-lo pela vossa graça. Atendei-me pelo amor de Jesus Cristo. – Ó Maria, minha Mãe, fazei que nos perigos de perder o meu Deus sempre recorra a vós e a vosso Filho.


Referências:


(1) Sl 30, 6

 (2) Tg 4, 6

 (3) Eclo 35, 21

 (4) Sl 50, 19

 (5) Eclo 2, 11

 (6) Mc 11, 24

 (7) Nm 23, 19

 (8) Lc 18, 1

 (9) Lc 21, 36

 (10) 1 Ts 5, 17

 (11) Lc 11, 9


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 293-295)

Santo do dia

13 de agosto: Santa Radegunda, rainha da França (519-587)

Nem todos são chamados às austeridades do claustro, mas todos devem fazer penitência e praticar as virtudes do seu estado. Bem-aventurado aquele que levará diante do seu juiz, após a morte, a inocência conservada ou reconquistada! Mas essa felicidade depende de nós. Que esse pensamento inspire e regule toda a nossa vida.


Radegunda, filha de um rei da Turíngia, foi capturada por Clotário, rei dos Francos, numa guerra entre a Turíngia e a França. Clotário tratou a jovem prisioneira com muita consideração, fez-a instruir na religião cristã e a batizou.


Ela queria consagrar a Deus sua virgindade; mas teve que casar-se com o rei que massacrou sua família derrotada. Radegunda aproveitou as riquezas do trono para adornar as igrejas e ajudar os pobres. Seis anos passados no trono não fizeram Radegunda renunciar à esperança da vida no claustro. O assassinato de seu irmão pelo rei, seu marido, lhe deu uma oportunidade favorável; Clotário, cansado de suas lágrimas, permitiu que ela partisse.


Ela foi primeiro a Noyon e, como o bispo hesitava em receber seus votos, cortou o próprio cabelo, vestiu o hábito das religiosas, depositou seus ornamentos reais no altar e foi consagrada ao Senhor. De lá, Radegunda foi para os arredores de Poitiers e entregou-se a todos os exercícios de uma vida austera; vivia apenas de pão de centeio e cevada, ervas e legumes, e não bebia vinho.


Sua roupa era um cilício, sua cama cinzas; ela servia os pobres com suas próprias mãos, cuidava dos doentes com sarna e tinea, lavava as feridas dos leprosos e frequentemente libertava os infelizes de suas enfermidades por milagres. Uma vela recebida dela e acesa perto de um doente era suficiente para curá-lo; ao passar por suas mãos, frutas e alimentos adquiriram uma virtude cujo efeito maravilhoso logo se fazia sentir. Ela morreu em 587, aos 68 anos. É uma das santas mais populares da França.


Nem todos são chamados às austeridades do claustro, mas todos devem fazer penitência e praticar as virtudes do seu estado. Bem-aventurado aquele que levará diante do seu juiz, após a morte, a inocência conservada ou reconquistada! Mas essa felicidade depende de nós. Que esse pensamento inspire e regule toda a nossa vida.


Túmulo de Santa Radegunda, igreja de Santa Radegunda em Poitiers (França)



segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Santo do dia

12 de agosto: Santa Clara de Assis, virgem e fundadora da ordem (1195-1253)


Felizes os ricos! grita o mundo. Felizes os pobres! diz Nosso Senhor. Clara acreditou na palavra do Divino Mestre; ela abraçou a pobreza religiosa com seu cortejo de penitências; nela provou doçuras inefáveis e conquistou a palma de uma eminente santidade.

As máximas do mundo são enganosas; as promessas de Deus são infalíveis.


Santa Clara nasceu em Assis, na Itália. Desde a infância, podia-se admirar nela uma forte atração pela retirada, oração, desprezo pelo mundo, amor aos pobres e ao sofrimento; sob suas roupas preciosas, ela usava um cilício.


Aos dezesseis anos, profundamente emocionada pela vida tão santa de Francisco de Assis, ela lhe confidenciou seu desejo de se entregar totalmente a Deus. O Santo a encheu das chamas do amor divino, aceitou dirigir sua vida, mas exigiu atos: Clara deveria, vestida com um saco, percorrer a cidade mendigando seu pão de porta em porta. Ela cumpriu de bom coração esse ato humilhante e, poucos dias depois, deixou as vestes do mundo, recebeu de Francisco uma túnica rústica com uma corda para cingir a cintura e um véu grosseiro sobre a cabeça, despida de seus belos cabelos.


Ela triunfou sobre a resistência de sua família. Alguns dias depois, sua irmã Agnes suplicou para acompanhá-la, o que Clara aceitou com alegria, agradecendo ao Céu. "Morta ou viva, tragam-me Agnes!" exclamou o pai, furioso com a notícia; mas Deus foi mais forte, e Agnes, machucada e exausta, pôde permanecer com a irmã. A mãe delas, após a morte do marido, e uma das irmãs, vieram se juntar a elas.


A comunidade logo se tornou numerosa e florescente; viu-se praticar, sob a direção de Santa Clara, que, embora jovem, era uma perfeita mestra de vida espiritual, uma pobreza admirável, um desapego absoluto, uma obediência sublime: o amor a Deus era a alma de todas as suas virtudes.


Clara superava todas as suas irmãs em mortificação; sua túnica era a mais rude, seu cilício o mais terrível para a carne; ervas secas temperadas com cinzas formavam sua alimentação; durante a Quaresma, ela tomava apenas pão e água, apenas três vezes por semana. Por muito tempo, dormiu no chão nu, tendo um pedaço de madeira como travesseiro.


Clara, superiora, se considerava a última do convento, despertava suas irmãs, tocava as matinas, acendia as lâmpadas, varria o mosteiro. Queria que se vivesse no convento dia a dia, sem fundos de terra, sem pensões e em clausura perpétua.


Clara é famosa pela expulsão dos sarracenos, que, após saquear a cidade, queriam saquear o convento. Ela orou a Deus, e uma voz do Céu gritou: "Eu vos guardei e sempre vos guardarei." Clara, doente, fez-se transportar até a porta do mosteiro e, com o ostensório na mão, afugentou os inimigos. Sua morte ocorreu em 12 de agosto de 1253.


Relíquia de Santa Clara de Assis, basílica de Santa Clara de Assis em Assis (Itália)



Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II

 A morte dos Santos é preciosa


Pretiosa in conspectu Domini mors sanctorum eius –
“Preciosa é aos olhos do Senhor a morte de seus Santos” (Sl 115, 5)


Sumário. A morte assusta os pecadores, que sabem que da primeira morte, do estado de pecado, passarão à segunda, que é eterna. A morte é, porém, o consolo das almas boas, que, confiadas nos merecimentos de Jesus Cristo, tem indícios suficientes para estarem moralmente certas de se achar na graça de Deus. Para estas a morte é preciosa, porque é um repouso suave depois das angústias padecidas no combate contra as tentações, ou em aplacar os temores e os escrúpulos de desagradar ao Senhor. Oh, que consolo poder dizer: Nunca mais ofenderei ao meu Deus!


I. A morte assusta os pecadores, que sabem que da primeira morte, do estado de pecado, passarão à segunda, que é eterna. Não amedronta, porém, as almas boas, que, confiadas nos méritos de Jesus Cristo, têm suficientes indícios para terem certeza moral de que se acham na graça de Deus. – Por isso aquele Proficiscere: Parte, ó alma, deste mundo, que tanto perturba os que morrem contra a sua vontade, não perturba os santos, que desprenderam o coração de todo o amor terrestre e com todas as verás sempre disseram: Deus meus et omnia – “Meu Deus e meu tudo”.


Para estes a morte não é um tormento, mas o repouso depois das angústias padecidas no combate contra as tentações e das inquietações causadas pelos escrúpulos e temores de ofender a Deus. Neles se realiza o que escreve São João:


Beati mortui qui in Domino moriuntur! Amodo iam dicit Spiritus: ut requiescant a laboribus suis (1) – “Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor! Desde agora diz o Espírito que descansem de seus trabalhos”.


– Quem morre no amor de Deus, não se perturba pelas dores que acompanham a morte; muito ao contrário, nelas se compraz, oferecendo-as a Deus como os últimos restos da sua vida. Oh! Que paz tão profunda goza o que morre resignado, abraçado com Jesus Cristo, que escolheu para si uma morte amargosa e desolada, a fim de nos obter uma morte suave e resignada!


Ó meu Jesus, Vós sois meu Juiz, mas sois também meu Redentor, que morreu para me salvar. Não era mais digno de Vos amar, mas, pelos vossos benefícios, me atraístes a vosso amor. Se é vossa vontade que eu morra desta doença, de boa mente aceito a morte. Sei que não mereço entrar logo no céu; contente estou de ir ao purgatório para ali padecer quanto Vos agrada. A minha pena mais grave será ver-me longe de Vós, suspirando por ir ver-Vos e amar-vos face a face. Portanto, meu amado Salvador, tende piedade de mim.


II. Não se pode viver nesta vida sem culpas. Eis o motivo porque as almas amantes de Deus desejam a morte. Este pensamento enchia o Padre Vicente Carafa de consolação na hora da morte; ele disse: “Visto que acabo de viver, acabo de ofender ao meu Deus”. Certa pessoa mandou, aos que a assistiam, que na hora da morte lhe repetissem muitas vezes estas palavras: Consola-te, visto ter chegado o tempo em que não poderás mais ofender a teu Senhor.


Com efeito, o que é para nós nosso corpo senão uma prisão, na qual a alma está encarcerada sem poder unir-se a seu Deus? Pelo que o amante São Francisco exclamou na hora da morte, com o Profeta: Educ de custodia animam meam (2) – Senhor, livrai-me a alma deste cárcere que a impede de Vos contemplar. – São Pionio Mártir, quando já estava ao pé do patíbulo, mostrou-se tão alegre, que as pessoas presentes, admiradas de tão grande alegria, lhe perguntaram, como é que podia estar tão radiante de alegria, estando tão próximo da morte. “Estais enganados”, respondeu o Santo, “eu não vou à morte, mas à vida que me fará viver eternamente.”


Meu dulcíssimo Jesus, graças Vos dou por não me terdes deixado morrer quando estava em vossa desgraça e por Vos haverdes conquistado meu coração pela grande bondade que tivestes para comigo. Quando penso nos desgostos que Vos causei, quereria morrer de dor. Em vossas mãos deposito a minha alma que já estava perdida. Lembrai-Vos, Senhor, de que a resgatastes com o preço de vossa morte: Redemisti me, Domine, Deus veritatis (3). – Amo-Vos, ó bondade infinita, e desejo sair já deste mundo para Vos ir amar com amor mais perfeito no céu. Mas, enquanto ficar ainda nesta terra, fazei-me sempre conhecer melhor a obrigação que tenho de Vos amar. Meu Deus, dignai-Vos aceitar-me: sou todo vosso, a Vós me consagro e em Vós confio pelos merecimentos de Jesus Cristo. – Ó Maria, minha esperança, confio também na vossa intercessão.


Referências:


(1) Ap 14, 13

 (2) Sl 114, 8

 (3) Sl 30, 6


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 290-293)

domingo, 10 de agosto de 2025

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II

 Importância do último fim


Quid prodest homini, si mundum universum lucretur, animae vero suae detrimentum patiatur? – “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” (Mt 16, 26)


Sumário. Eis aí o negócio de todos os negócios, o único importante, o único necessário: o serviço de Deus e a salvação da alma. Quem se salvar, será feliz para sempre e gozará no céu toda a sorte de bens; ao contrário, quem se condenar, será para sempre desgraçado e sofrerá no inferno toda a sorte de males. Mas, como é que este tão importante negócio é tão descuidado da maior parte dos homens?… Ah, meu irmão não sejamos nós do número desses insensatos e não imaginemos que possamos fazer acordar o céu com os pecados.


I. Contempla, meu irmão, de quão grande importância é para ti o conseguires teu último fim. É de uma importância suprema; pois que, se o alcançares e te salvares, serás feliz para sempre, gozarás na alma e no corpo toda a sorte de bens; se, porém, o errares, perderás a alma e o corpo, o céu e Deus; serás eternamente infeliz e condenado para sempre. É este, portanto, o negócio entre todos os negócios, o único importante, o único necessário: Servir a Deus e salvar a alma.


Portanto, meu irmão, não digas mais:


“Por enquanto quero viver para minhas satisfações; mais tarde me darei a Deus e assim espero salvar-me.”


Quantos não foram levados ao inferno por esta falsa esperança! Eles também falavam assim e agora foram condenados e não há mais remédio para eles. – Qual o condenado que se quis condenar? Deus, porém, amaldiçoa ao que peca com a esperança do perdão: Maledictus homo qui peccat in spe. Tu dizes: quero cometer este pecado e depois o confessarei. Mas quem sabe se haverá tempo: quem te garante que não hás de morrer logo depois do pecado? Tu perdes a graça de Deus; e que será se não a puderes mais adquirir? Deus usa de misericórdia com aquele que o teme, não com aquele que o despreza: Et misericórdia eius timentibus eum (1) – “Sua misericórdia é par aos que o temem”.


Não digas mais: com igual facilidade confesso dois pecados como três; não, porque Deus te perdoará dois pecados e não três. Deus suporta, mas não suporta sempre: ut in plenitudine peccatorum puniat (2) – “Afim de castigar na plenitude dos pecados”. Quando estiver cheia a medida, Deus não perdoa mais e castiga ou com a morte, ou com o abandono do pecador, de modo que, ruindo de pecado em pecado, se precipita no inferno. Tal abandono é castigo pior do que a morte.


– Meu irmão, repara bem no que estás lendo. Põe um termo à vida de pecado e consagra-te a Deus, receia que não seja agora o último aviso que Deus te dá. Basta de ofensas; basta de tolerância da parte de Deus. Teme que depois de mais um pecado mortal, Deus talvez não queira mais perdoar-te. Olha, que se trata da alma, que se trata da eternidade.


Este grande pensamento da eternidade – a quantos não fez desapegar-se do mundo, a quantos não fez irem viver num claustro, num deserto ou numa gruta!


II. Considera que o negócio da salvação eterna é o mais descuidado. Pensa-se em todas as coisas, exceto na salvação. Há tempo para tudo, exceto para Deus. Aconselhe-se a uma pessoa mundana que frequente os sacramentos, que faça cada dia meia hora de oração. Responde: Tenho filhos, tenho sobrinhos, tenho propriedades, tenho negócios a tratar. Ó céus! E não tens uma alma? Pois, chama tuas riquezas, chama teus filhos ou sobrinhos para virem em teu auxílio na hora da morte e te livrarem do inferno, se vieres a condenar-te.


Não imagines que possas fazer ir de acordo Deus e o mundo, o céu e os pecados. A salvação não é um negócio que se possa tratar por alto; mister é que te faças violência, mister é que empenhes todas as tuas forças, se quiseres ganhar a coroa imortal. Quantos cristãos se iludiram com a ideia de que mais tarde serviriam a Deus e se salvariam e agora estão no inferno! Que loucura, pensar sempre no que passa tão breve e pensar tão pouco no que nunca terá fim!


Ah! Meu irmão, não sejas do número daqueles insensatos. Se no passado te descuidaste da salvação, começa ao menos agora a pensar seriamente em tua sorte e dize a ti mesmo: tenho uma alma só; se a perder, terei perdido tudo. Tenho uma alma só; se à custa desta minha alma ganhasse o mundo, de que me serviria? Se me tornar uma celebridade, mas perder minha alma, de que me aproveitara? Se amontoar riquezas e engrandecer minhas casa, mas perder a alma, que proveito tirarei? De que serviram as grandezas, os prazeres, as vaidades a tantos que viveram neste mundo e agora ficaram reduzidos a pó numa cova, enquanto sua alma foi relegada ao fundo do inferno? – Se, pois, a alma é minha, se tenho uma alma só, se, perdendo-a uma vez, perco-a para sempre, devo pensar bem seriamente em minha salvação. Este negócio é supremamente importante. Trata-se de ser ou sempre feliz ou sempre infeliz.


Ó meu Deus, confesso, para minha confusão, que até agora fui cego e errei longe de Vos; não pensei em salvar a minha única alma. Ó Pai celestial, salvai-me, pelos méritos de Jesus Cristo: ficarei satisfeito perdendo todas as coisas, contanto que não Vos perca, ó Deus meu! – Maria, minha esperança, salvai-me pela vossa intercessão.


Referências:


(1) Lc 1, 50

 (2) 2 Mac 6, 14


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 288-290)

Santo do dia

11 de agosto – Santa Filomena (c. 291-304)

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Virgem “Talentosa”, Mártir.    Patrocínios – contra a esterilidade, a infertilidade, a esterilidade, contra as doenças do corpo, contra as doenças mentais, contra as doenças, os doentes, os bebês, as crianças, os recém-nascidos, as crianças pequenas, as crianças, os jovens, os jovens, os Filhos de Maria, as causas desesperadas, esquecidas, perdidas ou impossíveis, o Rosário Vivo, os órfãos, os pobres, os padres, os prisioneiros, os estudantes, os candidatos a exames.

cabeçalho de Santa Filomena

O túmulo desta virgem e mártir, desconhecido até os primeiros anos do século XIX, foi providencialmente descoberto em 1802 nas catacumbas de Priscila, na Via Salária, em Roma, Itália. Estava coberto por pedras, cujos símbolos indicavam que o corpo era de uma mártir chamada Santa Filomena. Os ossos foram exumados, catalogados e efetivamente esquecidos, visto que se sabia muito pouco sobre a pessoa.

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Em 1805, o Cônego Francisco de Lúcia de Mugnano, Itália, estava no Tesouro da Coleção Rara de Antiguidades Cristãs (Tesouro de Relíquias) no Vaticano. Ao chegar às relíquias de Santa Filomena, foi repentinamente tomado por uma alegria espiritual e pediu permissão para consagrá-las em uma capela em Mugnano. Após alguns desentendimentos, resolvidos pela cura do Cônego Francisco após orações a Filomena, ele foi autorizado a transladar as relíquias para Mugnano. Milagres começaram a ser relatados no santuário, incluindo curas de câncer, cura de feridas e o Milagre de Mugnano, no qual a Venerável Paulina Jaricot foi curada de uma grave doença cardíaca durante a noite. Filomena tornou-se a única pessoa reconhecida como Santa unicamente com base em intercessão milagrosa, já que nada de histórico se sabia sobre ela, exceto seu nome e a evidência de seu martírio.


Santa Filomena 2


Deus, por meio de muitos milagres, tornou famosa a descoberta do corpo de Santa Filomena, e o culto à jovem santa se espalhou por toda parte com extraordinária rapidez. Ela recebeu homenagens tão excepcionais que merece ser colocada entre as primeiras entre as virgens mártires, veneradas pela Igreja. O Santo Cura d'Ars a chamava de sua querida santinha e realizava maravilhas com suas orações a ela.


Santa Filomena Masa Feszty (húngara, 1895–1979)

Certas revelações com caráter de autenticidade dizem que Santa Filomena era filha de um príncipe grego que acompanhou seus pais a Roma em uma viagem e que seu glorioso martírio ocorreu lá sob Diocleciano no século III. As duas flechas gravadas em sua lápide em direções opostas referiam-se aos esforços do perseguidor para matá-la com uma saraivada de flechas, depois que os anjos a preservaram da morte por afogamento; as flechas se voltaram contra os arqueiros. Finalmente, ela foi decapitada, como tantos outros heróis e heroínas de Cristo milagrosamente protegidos. Essa opinião, que certas circunstâncias que acompanharam a trasladação de suas relíquias em 1805 para a cidade de Mugnano pareceram confirmar, prevaleceu. Naquela cidade, a devoção a ela foi extraordinária e permanece assim até hoje, e os milagres se multiplicaram tanto lá quanto em outros lugares para aqueles que a invocam.

Outros estudos muito sérios sustentam que ela era uma criança do povo romano, imolada no primeiro século por Jesus Cristo, com a idade de doze ou treze anos. Um exame de seus ossos permitiu estimar sua idade e o frasco de sangue seco em seu túmulo indicava claramente seu martírio. Os instrumentos de tortura pintados na placa de terracota que cercava seu túmulo — uma flecha, uma âncora, uma tocha — nos mostram que tipo de torturas ela suportou, todas as quais são conhecidas por nós através de outros martírios dos mesmos primeiros séculos. A inscrição:    A paz esteja contigo, Filomena , revela seu nome.

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O que é inquestionável é que esta Santa responde infalivelmente à fé daqueles que a invocam. Invocada em todos os lugares com maravilhoso sucesso, ela foi chamada de fazedora de milagres do século XIX. Ela se mostrou a protetora, em particular, das crianças pequenas. Uma mãe, cujo filho pequeno morreu apesar de suas orações, colocou uma imagem da Santa sobre seu cadáver, implorando que ele fosse devolvido a ela. E a criança se levantou como se estivesse dormindo, ficou de pé ao lado de sua cama e não apresentou mais sintomas de qualquer doença. Uma menina que havia arrancado o olho brincando com uma tesoura, ferimento esse declarado irreparável pelos médicos, teve seu olho restaurado quando lavou o rosto com óleo retirado da lâmpada da Santa e este olho pareceu a todos mais vívido e brilhante que o outro.


Santa Filomena

Muitas dúvidas permanecem sobre esta pequena santa, porém, embora ela não conste mais no calendário da Igreja, a devoção a ela nunca vacilou ou diminuiu. A devoção pessoal a qualquer santa, e nós mesmos sabemos, é que existem muitos santos desconhecidos ao nosso redor e, quando eles deixam esta terra, pedimos suas orações de intercessão e, portanto, os fiéis continuam, sem dúvida, a venerar Santa Filomena.

Os papas a amavam e a eles se juntaram em fervor alguns dos maiores santos da época. João Vianney, o Cura d'Ars, chamou Filomena de Verdadeira Luz da Igreja Militante. Ele construiu uma basílica em sua homenagem, onde instalou a relíquia que lhe fora dada pela Venerável Paulina Jaricot, fundadora da Sociedade para a Propagação da Fé. (Inúmeros "bebês pagãos" receberam o nome de Filomena em homenagem à santa favorita da fundadora, se bem me lembro.) O Padre Damien dedicou a primeira capela para leprosos em Molokai em sua homenagem. Os santos missionários americanos João Neumann e Francisco Cabrini espalharam a devoção a Filomena por todos os Estados Unidos católicos. São Pedro Julião Eymard era um grande devoto, assim como Santo Antônio Maria Claret. Padre Pio, ele próprio um grande milagreiro, certa vez silenciou os críticos de seu culto rosnando: "Pelo amor de Deus! Pode até ser que o nome dela não seja Filomena, mas esta Santa realizou muitos milagres, e não foi o nome que os fez."

Santo do dia

10 de agosto – São Besso (falecido por volta de 286) 


Mártir, soldado, missionário evangelista, milagreiro. Morreu ao ser jogado do Monte Fautenio por volta de 286 em Campiglia Soana, Turim, Itália. Padroados – soldados, pela fertilidade, Campiglia Soana, Itália, Cogne, Itália, Ivrea, Itália, Valprato Soana, Itália. Também conhecido como – Besso, Besse.

Bessos era um soldado da legião tebana, que se converteu quase totalmente ao cristianismo. Por volta de 286, o imperador romano Maximiano estava com suas tropas em Agaunum (hoje Saint-Maurice, na Suíça).

Soldados cristãos da legião tebana foram massacrados por se recusarem a sacrificar aos deuses pagãos. Apenas alguns legionários sobreviveram ao massacre e começaram a vagar pelas montanhas, levando a mensagem da nova fé.

Esses soldados, frequentemente martirizados, foram os primeiros evangelistas de muitos vales dos Alpes Ocidentais. Bessus também conseguiu converter um grande número de moradores das montanhas do Val Soana, até ser capturado e expulso do Monte Fautenio.

Besso morreu, mas milagrosamente deixou sua marca na rocha abaixo, onde hoje fica o Santuário dedicado a ele.

A Estátua do Santo é carregada em procissão completando um passeio ao redor do grande penhasco que testemunhou seu martírio – a honra de carregar a Estátua é em si uma cerimônia.

sábado, 9 de agosto de 2025

Santo do dia

10 de agosto: São Lourenço, mártir (258)


SÃO LOURENÇO
Os tesouros da Igreja, diz São Lourenço, são os pobres. Porque, ao fazer o bem a eles, eles nos abrem, segundo o pensamento de um santo padre, a porta do paraíso.

Mártir e Diácono (Arquidiácono – distribuidor de esmolas e “Guardião dos Tesouros da Igreja” ) Nascido em Huesca, Espanha – cozido até a morte em uma grelha em 10 de agosto de 258). São Lourenço foi um dos sete diáconos da cidade de Roma, sob o Santo Papa Sisto II, que foram martirizados na perseguição aos cristãos por decreto do imperador romano Valeriano ordenado em 258. Seus restos mortais foram enterrados no cemitério de Santa Ciríaca na estrada para Tivoli, Itália. Seu túmulo foi aberto por Pelágio para enterrar o corpo de Santo Estêvão, o Mártir, e sua cabeça mumificada foi removida para a Capela do Quirinal. A grelha que se acredita ter sido seu leito de morte está em San Lorenzo in Lucina e suas vestes na Capela de Nossa Senhora no Palácio de Latrão.   Patrocínios – contra o fogo, contra a lumbago, de arquivos, arquivistas, armeiros, armeiros, cervejeiros, açougueiros, chefs, cozinheiros, comediantes, comediantes, cuteleiros, diáconos, vidraceiros, trabalhadores de lavanderias, bibliotecários, bibliotecas, indigentes, pobres, donos de restaurantes, crianças em idade escolar, estudantes, seminaristas, trabalhadores de vitrais, curtidores, viticultores, viticultores, produtores de vinho, Ceilão, Sri Lanka, 38 cidades e dioceses.

São Lourenço era o chefe dos sete diáconos romanos do Papa Sisto II, que fora seu mentor na Espanha e o levara a Roma, onde o ordenara diácono, após ter sido chamado ao Santo Ofício. Em 258, o Imperador Valeriano intensificou suas perseguições aos cristãos. Um dia, quando o Papa Sisto II estava no cemitério de São Calixto celebrando a missa acompanhado por alguns membros de seu clero, foi preso. Junto com ele, os outros seis diáconos romanos foram presos. Enquanto os soldados levavam o Pontífice para ser executado, Lourenço o seguiu angustiado, gritando: “ Para onde vais, meu pai, sem teu filho? Para onde vais, Santo Pontífice, sem teu diácono? Não é costume oferecer o sacrifício com um assistente? Deixa-me provar que sou digno da escolha que fizeste quando me confiaste a distribuição do Sangue de Nosso Senhor.” 

SÃO LOURENÇO 3
São Papa Sisto II com São Lourenço

O Papa respondeu a São Lourenço:   “Não te abandonarei, meu filho. Eles são lenientes com os velhos, não com os jovens. Um combate maior te está reservado. Tu me seguirás em três dias.”  Com a execução do Pontífice, Lourenço tornou-se a mais alta autoridade eclesiástica que restava em Roma.

São Lourenço foi levado perante Cornélio Secular, prefeito de Roma sob o imperador Valeriano, que, segundo Dom Prosper Guéranger em seu Ano Litúrgico:   "procurava arruinar os cristãos proibindo suas assembleias, condenando seus principais homens à morte e confiscando suas propriedades".    São Lourenço pediu um breve adiamento para que pudesse reunir essas riquezas para o prefeito e, fiel à promessa do Papa Sisto, retornou três dias após a morte do pontífice para entregá-las. No entanto, atendendo às palavras finais do Papa Sisto II, Lourenço usou seus três dias para distribuir os bens materiais da Igreja aos pobres, antes que as autoridades romanas pudessem pôr as mãos nelas.

Quando o arquidiácono retornou, em vez de trazer vasos de ouro e prata, trouxe os pobres da cidade, dizendo:  "Vejam estas pérolas preciosas, estas gemas brilhantes que adornam o templo, estas virgens sagradas, quero dizer, e estas viúvas que recusam um segundo casamento... Vejam, então, todas as nossas riquezas."    Em resposta à sua ousadia, Cornélio ordenou que São Lourenço fosse açoitado e torturado no potro.

São Lourenço é preso

Do Ano Litúrgico:
“…Lawrence foi retirado do potro por volta do meio-dia. Em sua prisão, porém, não descansou, mas, ferido e sangrando como estava, batizou os convertidos conquistados para Cristo pela visão de seu corajoso sofrimento. Confirmou-lhes a fé e inflamou suas almas com a intrepidez de um mártir. Quando a hora da noite convocou Roma aos seus prazeres, o prefeito chamou os carrascos de volta ao trabalho, pois algumas horas de descanso haviam restaurado suas energias o suficiente para que pudessem satisfazer sua crueldade.” 

Cercado por essa companhia desfavorável, o prefeito dirigiu-se ao valente diácono: "Sacrifício aos deuses, ou a noite inteira será testemunha de seus tormentos."  "Minha noite não tem escuridão", respondeu Lourenço, "e todas as coisas estão cheias de luz para mim." Bateram-lhe na boca com pedras, mas ele sorriu e disse: "Eu Te agradeço, ó Cristo."

Em seguida, uma cama de ferro ou grelha com três barras era trazida e o santo era despido de suas vestes e estendido sobre ela, enquanto brasas eram colocadas sob ela. Enquanto o seguravam com um garfo de ferro, Lourenço disse:  "Eu me ofereço como um sacrifício a Deus por um odor suave".    Os carrascos continuamente atiçavam o fogo e traziam novas brasas, enquanto ainda o seguravam com seus garfos. Então o santo disse:  "Aprende, infeliz, quão grande é o poder do meu Deus; pois as tuas brasas me dão refrigério, mas elas serão o teu castigo eterno. Eu te invoco, ó Senhor, como testemunha: quando fui acusado, não te neguei; quando fui interrogado, confessei-te, ó Cristo; sobre as brasas em brasa eu te dei graças".   E com o semblante radiante de beleza celestial, ele continuou:   "Sim, eu te dou graças, ó Senhor Jesus Cristo, por teres dignado fortalecer-me".  Ele então ergueu os olhos para o juiz e disse:   'Veja, este lado está bem assado; vire-me para o outro e coma.'  Então, continuando seu cântico de louvor a Deus, [ele disse]:  'Eu Te agradeço, ó Senhor, por ter merecido entrar em Tua morada.'

À beira da morte, lembrou-se da Igreja. O pensamento da Roma eterna lhe renovou as forças e ele proferiu esta oração extática:   'Ó Cristo, Deus único, ó Esplendor, ó Poder do Pai, ó Criador do céu e da terra e construtor dos muros desta cidade! Tu colocaste o cetro de Roma acima de tudo; Tu quiseste submeter o mundo a ele, a fim de unir sob uma lei as nações que diferem em costumes, costumes, língua, gênio e sacrifício. Eis que toda a raça humana se submeteu ao seu império e toda discórdia e dissensões desaparecem em sua unidade. Lembra-te do teu propósito: Tu quiseste unir o imenso universo em um só Reino Cristão. Ó Cristo, por amor aos Teus Romanos, torna esta cidade cristã; pois a ela deste a incumbência de conduzir todo o resto à sagrada unidade. Todos os seus membros em todos os lugares estão unidos – um tipo do Teu Reino; o universo conquistado se curvou diante dele. Oh! que sua cabeça real se curve por sua vez! Envia o Teu Gabriel e ordena-lhe que cure a cegueira dos filhos de Iulo, para que conheçam o Deus verdadeiro. Vejo um príncipe que está por vir – um Imperador que é servo de Deus. Ele não permitirá que Roma permaneça escrava; ele fechará os templos e os trancará com ferrolhos para sempre.

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Martírio de São Lourenço - Ticiano
Assim ele orou e, com estas últimas palavras, exalou sua alma. Alguns nobres romanos, que haviam sido conquistados para Cristo pela admirável ousadia do mártir, removeram seu corpo: o amor do Deus Altíssimo subitamente encheu seus corações e dissipou seus erros anteriores. A partir daquele dia, a adoração aos deuses infames esfriou; poucas pessoas iam aos templos, mas se apressavam para os altares de Cristo.   Assim, Lourenço, indo desarmado para a batalha, feriu o inimigo com sua própria espada.

O corpo queimado de São Lourenço foi levado por senadores romanos convertidos, que o sepultaram em uma gruta no Campo de Verano, perto de Tivoli. Neste dia, o relicário contendo sua cabeça queimada é exposto no Vaticano para veneração. Sua festa se espalhou por toda a Itália e norte da África após seu martírio — e até mesmo Santo Agostinho de Hipona escreveu um belo sermão sobre a vida de São Lourenço, conectando seus "tesouros da Igreja" ao martírio e à Sagrada Eucaristia. O Imperador Constantino construiu uma bela basílica em homenagem a São Lourenço. São Lourenço é especialmente homenageado na cidade de Roma, onde é um dos padroeiros da cidade. Existem várias igrejas em Roma dedicadas a ele, incluindo San Lorenzo in Panisperna, tradicionalmente identificada como o local de sua execução. A grelha na qual ele foi grelhado é venerada lá hoje.

... Relíquia de São Lourenço de Roma por Lawrence OP
Grelha de São Lourenço
Altar-mor
São Lourenço 2
Como a Chuva de Meteoros Perseidas ocorre tipicamente todos os anos em meados de agosto, no dia da festa de São Lourenço ou próximo a ele, alguns se referem à chuva como as "Lágrimas Ardentes de São Lourenço".   São Lourenço, por seu cuidado e amor aos pobres, é considerado seu padroeiro. Por ter salvado os tesouros da Igreja — incluindo seus documentos —, ele é reconhecido como o padroeiro dos bibliotecários. Por sua coragem em ser queimado vivo, ele também é o padroeiro dos cozinheiros e trabalhadores da cozinha.

São Lourenço, rogai por todos nós!


Túmulo de Saint Laurent, basílica de Saint-Laurent-Hors-les-Murs em Roma (Itália)



Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: 9º Domingo depois de Pentecostes

A ruína de Jerusalém e o fim de uma alma descuidada

Ut appropinquavit (Iesus) videns civitatem, flevit super illam – “Quando (Jesus) chegou perto, ao ver a cidade chorou sobre ela” (Lc 19, 41)


Sumário. Infeliz da alma que se obstina no pecado ou na tibieza. Adiando a sua conversão de dia para dia, achar-se-á na hora da morte, assim como Jerusalém, cercada de inimigos, que serão os remorsos da consciência, os assaltos dos demônios e os receios da condenação eterna. Desta sorte a sua ruína será quase certa e irreparável. Meu irmão, para que não te suceda tamanha desgraça, reconhece agora o tempo da visitação amorosa do Senhor e obedece prontamente a seu convite. Quem sabe se não é este o último?


I. Refere São Lucas que:


“quando Jesus chegou perto de Jerusalém, ao ver a cidade chorou sobre ela e disse: Ah! se ao menos neste dia, que agora te é dado, conhecesses ainda tu o que pode trazer-te a paz! Mas por ora tudo está encoberto a teus olhos. Porque virão dias para ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão por todos os lados. E te derribarão por terra a ti e a teus filhos, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porquanto não conheceste o tempo da tua visitação: Eo quod non cognoveris tempus visitationis tuae“.


Sob a figura da Jerusalém material, os Santos Padres veem a alma do pecador obstinado ou ainda a alma do que é tíbio. Estas almas descuidadas, semelhantes aos desgraçados habitantes daquela cidade infeliz, desprezam o tempo da visitação do Senhor e se obstinam em não quererem obedecer à voz de Deus, que por meio dos superiores, dos diretores espirituais ou das inspirações interiores os excita a emendarem a sua vida desregrada.


Os desgraçados! O Redentor tem muita razão em derramar por causa deles lágrimas copiosas, porque mais cedo ou mais tarde lhes tocará a mesma sorte da ímpia cidade de Jerusalém: Circumdabunt te inimici tui vallo (1) – “Os teus inimigos te cercarão de trincheiras”. Eles vão adiando a sua conversão de dia para dia, e afinal, na hora da morte, ver-se-ão cercados pelos seus inimigos, isso é, pelos remorsos da consciência, pelos assaltos dos demônios e pelos receios da condenação eterna, de tal forma que a sua ruina será quase certa e irreparável. Infeliz, pois, de quem se obstina no pecado ou na tibieza.


II. Meu irmão, afim de que na hora da morte não te suceda tamanha desgraça, reconhece agora o tempo da visitação amorosa do Senhor e obedece de pronto ao seu convite. Quem sabe se a leitura desta meditação não é para ti a última. Quero supor que estejas na graça de Deus; porém, olha que não sejas do número daqueles tíbios, que pelas suas negligências habituais causam a Deus tão grande náusea que começa a vomitá-los de sua boca. Quia tepidus es, neque frigidus, neque calidus, incipiam te evomere ex ore meo (2) – “Já que és tíbio, e não frio nem quente, começarei a vomitar-te de minha boca”.


Meu amabilíssimo Jesus, não quero esperar até a hora da morte para recorrer a Vós, meu Bem infinito. Reconheço que pela minha tibieza mereci ser abandonado de Vós, privado de vossa luz e desamparado de vossa graça. Mas ao ver que hoje me visitais tão amorosamente, mostrando-me as lágrimas que derramais sobre a minha ruína eterna; ao ouvir também a vossa voz, que por meio desta meditação de novo me convida ao vosso amor, não quero desanimar e volto arrependido a lançar-me em vossos braços paternais.Melhores presentes para os seus entes queridos


Perdoai-me, ó Senhor, já que abomino e detesto, acima de todos os males, as ofensas, quer grandes quer pequenas, que Vos fiz. Antes tivesse eu morrido mil vezes do que cometê-las. Proponho para o futuro amar-Vos sempre de todo o coração e cumprir em todas as coisas a vossa santíssima vontade. Dai-me a santa perseverança.


– “Rogo-Vos, ó Senhor, que os ouvidos de vossa misericórdia estejam sempre abertos às minhas preces; e, para que me possais conceder sempre o que Vos peço, fazei que eu só peça o que for do vosso agrado.” (3)


Suplico-Vos esta graça pelos vossos merecimentos e pela intercessão da minha querida Mãe, Maria.


Referências:


(1) Lc 19, 43

 (2) Ap 3, 15

 (3) Or. Dom. curr.


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 285-287)

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II

 O devoto de Maria Santíssima deve imitar-lhe as virtudes



Nunc ergo, filii, audite me: Beati qui custodiunt vias meas – “Agora pois, filhos, ouvi-me: bem-aventurados os que guardam os meus caminhos” (Pv 8, 32)


Sumário. A Santíssima Virgem, depois que tirou alguma alma das garras de Lúcifer, quer que ela se aplique à imitação das suas virtudes, pois que, de outro modo, não poderá enriquecê-la com as suas graças, vendo-a a si contrária nos costumes. Entremos, portanto, nas vistas de nossa boa Mãe; e estejamos certos de que é este o melhor obséquio que lhe podemos fazer. Se não nos sentirmos com força suficiente, roguemo-la à Bem-Aventurada Virgem que se chama e é a dispensadora de todas as graças.


I. Diz Santo Agostinho que, para obtermos com maior certeza e abundância o favor dos Santos, é preciso imitá-los; porque, vendo que praticamos as virtudes que eles mesmos praticaram, mais se movem a rogar por nós. Pelo que a Rainha dos Santos e a nossa principal advogada, Maria, depois que livrou alguma alma das garras de Lúcifer e a uniu a Deus, quer que ela se aplique a imitá-la. De outro modo não poderá enriquecê-la com as suas graças, como desejaria, vendo-a a si contrária nos costumes. Por isso Maria chama bem-aventurados àqueles que diligenciam em imitá-la: Bem-aventurados os que guardam os meus caminhos (Prov 8, 32). “Quem ama“, diz um provérbio, “ou se acha semelhante, ou procura fazer-se semelhante à pessoa amada“.


Por isso nos exorta São Jerônimo que, se amamos Maria, é necessário que procuremos imitá-la; porque é este o melhor obséquio que lhe podemos oferecer. E Ricardo de São Lourenço acrescenta que são e podem chamar-se verdadeiros filhos de Maria somente aqueles que procuram viver conforme à vida dela: Filii Mariae imitatores eius. — Procure pois o filho, conclui São Bernardo, imitar sua Mãe, se deseja o seu favor; pois que então, vendo-se ela honrada como mãe, o tratará e favorecerá como filho.


Falando das virtudes de nossa Mãe, verdade é que poucas coisas em particular se leem registradas nos Evangelhos a este respeito; contudo, dizendo-se ali que ela foi cheia de graça, claramente se nos dá a entender que ela teve todas as virtudes em grau heroico. «De modo tal», diz Santo Tomás, “que, assim como cada um dos Santos foi excelente em alguma virtude particular, a Bem-Aventurada Virgem foi excelente em todas as virtudes, e em todas as virtudes nos foi dada por modelo“. Antes dele já tinha dito isso Santo Ambrósio: “A vida de Maria foi tal, que serve de exemplo para todos”: Talis fuit Maria, ut eius unius vita omnium disciplina sit.


II. Meu irmão, exorta-nos Santo Ambrósio: “Tem sempre diante de teus olhos a pureza, ou, para melhor dizer, a vida de Maria, como um quadro em que resplandece a perfeição das virtudes. Seja tua vida modelada pela de Maria, e aprende com ela o que deves corrigir, o que deves evitar, e o que deves fazer“. Se não te sentires bastante forte para isso, recomenda-te à Bem-Aventurada Virgem que se chama e é verdadeiramente a dispensadora de todas as graças.


Ó Mãe de misericórdia, já que sois tão piedosa e tão grande desejo tendes de nos fazer bem, a nós, miseráveis, e de atender a nossos rogos, eu, o mais miserável de todos os homens, recorro hoje à vossa misericórdia, afim de que me concedais o que vos peço. — Que outros vos peçam o que quiserem, saúde, bens e proveitos temporais; quanto a mim, ó Maria, venho pedir-vos coisas mais conformes a vossos desejos e mais agradáveis a vosso sagrado Coração.


Fostes tão humilde! Alcançai-me então a humildade e o amor aos desprezos. Fostes tão paciente nas penas desta vida! alcançai-me a paciência nas contrariedades. Fostes toda cheia de amor a Deus! alcançai-me o dom do puro e santo amor. Fostes toda caridade para com o próximo! alcançai-me a caridade para com todos, particularmente para com os meus inimigos. Fostes sempre unida à vontade de Deus! alcançai-me uma inteira conformidade com tudo o que Deus dispuser de mim. Vós, numa palavra, sois a mais santa de todas as criaturas; ó Maria, fazei-me santo.

Não é o amor que vos falta; podeis tudo e me quereis obter todos os bens. Só uma coisa me pode impedir de receber vossas graças: é, ou minha negligência em vos invocar, ou minha pouca confiança na vossa intercessão. Mas a vós toca obter-me a fidelidade em vos invocar e a confiança em vossas orações. São duas graças especiais que vos peço e espero firmemente obter, ó Maria, minha Mãe, minha esperança, meu amor, minha vida, meu refúgio, meu socorro e minha consolação.


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 283-285)

Santo do dia

9 de agosto: São João Maria Vianney, pároco de Ars (1786-1859)

Se o nosso estado não nos compromete com a conversão dos pecadores, a caridade nos obriga a pedir a Deus por fervorosas orações, e a orar para que Ele envie trabalhadores para fazer a colheita.




Disseram de mais de uma personalidade, de mais de um santo, que foram os prodígios de seu século. Isso talvez não seja verdade para ninguém tanto quanto para o pároco de Ars. Este homem tão humilde viveu, durante cerca de trinta anos, todo o universo, por assim dizer, atento às suas virtudes e à sua glória, e todo o mundo cristão a seus pés; ele é certamente uma das maravilhas da santidade e do apostolado.


Nascido em Dardilly, perto de Lyon, três anos antes da Revolução Francesa, de simples agricultores profundamente cristãos, ele foi inicialmente pastor e ocupado com trabalhos no campo. Desde seus primeiros anos, destacou-se por sua candura, sua piedade, seu amor pela Santa Virgem e sua caridade para com os pobres.


Alcançou o sacerdócio mais por sua piedade do que por seus talentos. Após alguns anos de vicariado, foi chamado para a paróquia de Ars e, ao avistar o campanário de sua paróquia, ajoelhou-se para rezar a Deus e recomendar-lhe seu ministério. Seu primeiro cuidado foi visitar seus paroquianos; rapidamente os conquistou por sua virtude, e viu-se suceder aos abusos de toda sorte e à indiferença, graças ao seu zelo, um espírito profundamente cristão, uma perfeita observância do domingo: a paróquia, sob a impulsão de um santo, tornara-se uma comunidade religiosa.


Logo, de países vizinhos, corriam para ouvi-lo, para se confessar com ele e obter milagres, que ele atribuía a Santa Filomena, cujo culto, ainda novo, crescia a cada dia em popularidade; por isso a chamava de sua querida pequena Santa. Dez anos depois, a reputação do santo pároco havia se estendido além da França, e não demorou para que viessem de mais longe; a paróquia de Ars, antes desconhecida e solitária, tornara-se um centro de atração universal; às pessoas piedosas juntavam-se os ímpios, os incrédulos, os devassos; as conversões multiplicavam-se por milhares. Ele passava regularmente até dezesseis a dezoito horas por dia no confessionário, e o restante do tempo em pregações, catecismo e orações.


Corpo incorruptível de São João Maria Vianney, basílica do Cura d'Ars em Ars-sur-Formans (França)



quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Santo do dia

  08 de agosto dia de São João Maria Vianney, Confessor.





Nasceu em 8 de maio de 1786, no povoado de Dardilly, ao norte de Lyon, França. Seus pais, Mateus e Maria, tiveram sete filhos, ele foi o quarto. Gostava de freqüentar a igreja e desde a infância dizia que desejava ser um sacerdote.Vianney só foi para a escola na adolescência, quando abriram uma na sua aldeia, escola que freqüentou por dois anos apenas, porque tinha de trabalhar no campo. Foi quando se alfabetizou e aprendeu a ler e falar francês, pois em sua casa se falava um dialeto regional. Para seguir a vida religiosa, teve de enfrentar muita oposição de seu pai. Mas com a ajuda do pároco, aos vinte anos de idade ele foi para o Seminário de Écully, onde os obstáculos existiam por causa de sua falta de instrução. Foram poucos os que vislumbraram a sua capacidade de raciocínio. Para os professores e superiores, era considerado um rude camponês, que não tinha inteligência suficiente para acompanhar os companheiros nos estudos, especialmente de filosofia e teologia. Entretanto era um verdadeiro exemplo de obediência, caridade, piedade e perseverança na fé em Cristo. Em 1815, João Maria Batista Vianney foi ordenado sacerdote. Mas com um impedimento: não poderia ser confessor. Não era considerado capaz de guiar consciências. Porém para Deus ele era um homem extraordinário e foi por meio desse apostolado que o dom do Espírito Santo manifestou-se sobre ele. Transformou-se num dos mais famosos e competentes confessores que a Igreja já teve. Durante o seu aprendizado em Écully, o abade Malley havia percebido que ele era um homem especial e dotado de carismas de santidade. Assim, três anos depois, conseguiu a liberação para que pudesse exercer o apostolado plenamente. Foi então designado vigário geral na cidade de Ars-sur-Formans. Isso porque nenhum sacerdote aceitava aquela paróquia do norte de Lyon, que possuía apenas duzentos e trinta habitantes, todos não-praticantes e afamados pela violência. Por isso a igreja ficava vazia e as tabernas lotadas. Ele chegou em fevereiro de 1818, numa carroça, transportando alguns pertences e o que mais precisava, seus livros. Conta a tradição que na estrada ele se dirigiu a um menino pastor dizendo: "Tu me mostraste o caminho de Ars: eu te mostrarei o caminho do céu". Hoje, um monumento na entrada da cidade lembra esse encontro. Treze anos depois, com seu exemplo e postura caridosa, mas também severa, conseguiu mudar aquela triste realidade, invertendo a situação. O povo não ia mais para as tabernas, em vez disso lotava a igreja. Todos agora queriam confessar-se, para obter a reconciliação e os conselhos daquele homem que eles consideravam um santo. Na paróquia, fazia de tudo, inclusive os serviços da casa e suas refeições. Sempre em oração, comia muito pouco e dormia no máximo três horas por dia, fazendo tudo o que podia para os seus pobres. O dinheiro herdado com a morte do pai gastou com eles. A fama de seus dons e de sua santidade correu entre os fiéis de todas as partes da Europa. Muitos acorriam para paróquia de Ars com um só objetivo: ver o cura e, acima de tudo, confessar-se com ele. Mesmo que para isto tivessem de esperavam horas ou dias inteiros. Assim, o local tornou-se um centro de peregrinações. O Cura de Ars, como era chamado, nunca pôde parar para descansar.


Morreu serenamente, consumido pela fadiga, na noite de 4 de agosto de 1859, aos setenta e três anos de idade. Muito antes de ser canonizado pelo papa Pio XI, em 1925, já era venerado como santo. O seu corpo, incorrupto, encontra-se na igreja da paróquia de Ars, que se tornou um grande santuário de peregrinação. São João Maria Batista Vianney foi proclamado pela Igreja Padroeiro dos Sacerdotes. 

Santo do dia

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